Familiares e amigos de parte das vítimas do acidente com o Airbus A320 da TAM realizaram neste domingo um protesto contra o que classificam como uma demora do Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo para identificar os corpos já resgatados do local da tragédia. O IML alega que não há atraso e o prazo de "muitos meses" para identificar todos os corpos é motivado pela complexidade do trabalho.
Após participarem de uma missa na Catedral Metropolitana de São Paulo, na Sé, região central da capital paulista, o grupo se dirigiu para o Aeroporto Internacional de Congonhas. De mãos dadas, os manifestantes formaram um cordão diante do balcão de check-in da TAM. Com a interrupção no atendimento aos clientes, atendentes ficaram de pé atrás dos guichês e até mesmo sobre as esteiras e acompanharam a oração e o minuto de silêncio.
Abalados, muitos dos familiares não quiseram ou conseguiram falar com a imprensa. Os que o fizeram, exigiram mais empenho na identificação dos corpos. Houve quem sugerisse que o IML demonstrou maior empenho para identificar os corpos do deputado federal Julio Redecker (DEM-RS) e de Paulo Rogério Amoretty Souza, ex-presidente do Internacinal Sport Club.
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"Estamos nos organizando para pedir mais agilidade. Sabemos que os órgãos estão trabalhando, que a situação é difícil e nos oferecemos para ver se há algo que possamos fazer para ajudar", disse o pai do gaúcho Rodrigo Prado Almeida, Ubirajara Souza de Almeida, cinco minutos após receber a notícia de que o corpo do filho teria sido identificado.
Luiz Fernando Moysés, que perdeu no acidente a esposa, Nádia Bianchi Moysés, foi um dos que admitiu não entender a razão da demora no reconhecimento da maioria dos corpos, quando os de Redecker e Amoretty foram, segundo ele, identificados rapidamente. "Com todo o respeito aos parentes do deputado e do Amoretty, que passam pela mesma dor, acho que os legistas fizeram muito caso [em relação aos dois]. Já as outras pessoas estão sendo tratadas com descaso".
Moysés contou ter oferecido auxílio aos médicos legistas, mas que sua oferta ainda não foi aceita. "Eu queria trazer [ao IML] a dentista da minha esposa, que me garantiu que em cinco minutos seria capaz de identificar a arcada dentária da Nádia por causa de uma particularidade, mas o IML não aceita ajuda". Moysés diz ter sido informado de que os trabalhos podem levar entre 40 e 60 dias, podendo chegar a até três meses.
Luiz Antonio Salsedo tem opinião parecida. "Não sei se foi mera coincidência, mas as pessoas influentes que estavam no vôo já foram identificadas". O filho de Antonio, Diogo Casagrande Salsedo estava a bordo do vôo 3054. O pai, no entanto, explicou que o filho não trabalhava na TAM, ao contrário do que a empresa divulgou. "Ele aparece na relação de vítimas como funcionário da TAM, mas ele veio para São Paulo para prestar a última etapa do concurso de admissão de pilotos da companhia".
A advogada Renata Vilhena Silva chorou ao falar das condições em que os corpos e os fragmentos aguardam para ser analisados. "Disseram que tem gente trabalhando direto no IML, mas vários familiares já disseram o contrário. Dizem que durante a noite não encontraram ninguém. Enquanto isso, os caminhões frigoríficos estão lá, cheios de corpos aguardando serem reconhecidos. Queremos que eles agilizem as identificações para que possamos levá-los e enterrá-los".
ABr