A França amanheceu silenciosa neste domingo (7). Hoje, o país relembra o aniversário de três anos do atentado terrorista que dizimou a redação da revista satírica Charlie Hebdo. O massacre foi sucedido pelo ataque contra clientes do supermercado Hyper Cacher e pela morte de uma policial na periferia de Paris.
A cerimônia oficial começou por volta das 11h (local), quando o presidente francês, Emmanuel Macron, visitará a antiga sede da revista. Em seguida, o chefe de Estado prestará uma homenagem no boulevard Richard Lenoir, diante do monumento feito para o policial Ahmed Merabet, morto momentos depois após o atentado contra a revista.
Logo após, Macron se dirigirá ao supermercado Hyper Cacher, na periferia de Paris. No dia 9 de janeiro de 2015, entre as 17 pessoas mantidas como reféns durante horas, quatro foram mortas pelo terrorista Amedy Coulibaly. O ataque de 7 de janeiro de 2015 aconteceu quando dois homens mascarados invadiram a redação do Charlie Hebdo, em Paris, gritando "Allahu Akbar" ("Alá é grande", em tradução livre) e abriram fogo contra as pessoas. Ao todo 12 funcionários da revista morreram, entre elas figuras mais emblemáticas da publicação. Os autores do atentado, os irmãos Said e Chérif Kouachi, pretendiam punir o periódico por ter divulgado uma caricatura do profeta Maomé. Até hoje, a investigação segue aberta.
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Esse dia marcou o início de um "mundo novo" para o Charlie Hebdo, afirmam seus jornalistas em uma edição especial de aniversário, na qual detalham seu cotidiano, resumido na capa que mostra um homem atrás de uma porta blindada sob o título "Três anos em uma lata de conserva".
Ontem (6), as organizações Primavera Republicana, Liga Contra o Racismo e o Antissemitismo e o Comitê Laicidade República realizaram o ciclo de debates "Sempre Charlie!", no espaço Folies Bergere, em Paris.
Ao todo, 1,5 mil pessoas, incluindo os jornalistas sobreviventes, se reuniram no local, que contou com a presença do atual chefe de redação da revista, Gérard Biard, além do ex-primeiro-ministro francês, Manuel Valls, e representantes de movimentos pela liberdade de expressão, como a fundadora do Femen, Inna Shevchenko e a filósofa Elisabeth Badinter. O objetivo do evento era fazer um apelo simbólico para a luta contra todas as formas de "comunitarismo" étnico ou religioso e para a defesa dos princípios fundamentais da Reública: Liberdade, Igualdade e Fraternidade. "Hoje, mais do que nunca, não há democracia sem secularismo, sem o direito de acreditar ou não acreditar", afirmou Biard à ANSA. (ANSA)