O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, general Veríssimo Correia Seabra, se auto declarou presidente interino da Guiné-Bissau, país de língua portuguesa na África ocidental . Ele comandou o golpe de estado, nesse domingo, a última de uma série de tentativas de desestabilizar o governo do presidente Kumba Yalla.
"Eu vou assumir a presidência até a realização de eleições", disse o general à emissora estatal de televisão.
Segundo informações da agência Lusa, baseadas em fontes diplomáticas das Nações Unidas, o general teria garantido à ONU que não iria interferir no processo político do país.
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As mesmas fontes disseram que essas garantias foram transmitidas ao secretário-geral das Nações Unidas, Koffi Annan, e ao Conselho de Segurança num relatório elaborado por uma missão que visitou três países da Africa Ocidental, incluindo a Guiné-Bissau, entre 26 de Junho e 5 de Julho.
"O chefe de Estado-maior ressaltou a lealdade do exército à autoridade legítima e constitucional, apesar de as tropas sofrerem de falta de materiais e de grandes atrasos no pagamento de salários," diz o documento.
A CNN apurou que o Exército instaurou um comitê militar para restaurar a democracia mas até agora não marcou data para as eleições. Uma reunião dos líderes do golpe com o governo foi remarcada para esta segunda-feira.
"Como pessoa, eu não tenho nada contra Kumba Yalla...ele pode ficar na Guiné-Bissau ou deixar o país", disse o general . Segundo oficiais militares, Yalla e o primeiro-ministro Mario Pires estavam no quartel-general do Exército nesse domingo.
Ex-professor de filosofia, Yalla sobreviveu a duas tentavivas de golpe e dissolveu o governo várias vezes. Ele chegou ao poder em 2000, numa eleição desenhada para por fim a uma difícil situação vivida pelo país depois da revolta de 1998, que desencadeou uma guerra civil com centenas de mortos e milhares de desabrigados. O general Correia Seabra foi dos membros da junta militar que iniciou a revolta.
As relações entre Yalla, o Exército e o parlamento têm estado tensas desde que ele depõs, em 2001, o primeiro chefe de governo - da etnia Malinke - dos vários que o país teria até o golpe deste domingo.
Os críticos acusaram o presidente de discriminar a etnia Malinke de muçulmanos , que representa 45% da população do país. A cúpula do Exército e os ministros em postos-chave pertencem à mesma etnia de Yalla, Balante, a maior do país.
Portugal condenou o golpe e apelou aos líderes pela restauração da ordem constitucional. Moçambique -outro país da comunidade de língua portuguesa - classificou o golpe de "inaceitável".
A Guiné-Bissau é um dos países mais pobres do mundo. A população de 1.3 milhão sobrevive com uma renda per capita de US$ 170 por ano.