A exemplo da Central Única dos Trabalhadores (CUT), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) também terá seu próprio programa de TV, com uma grande vantagem: os recursos serão sustentados pela TV Educativa do governo do Paraná, e não pela entidade, como é o caso da CUT.
O programa de meia hora da central foi orçado em R$ 300 mil mensais, conforme contrato com a ''RedeTV!'' e a Fischer América, agência de publicidade encarregada da produção.
As iniciativas da CUT e do MST representam uma etapa avançada de montagem de uma superestrutura de comunicação controlada por dirigentes do movimento sindical urbano e rural. ''A comunicação sempre foi uma prioridade para nós'', explica a assessoria da Secretaria Nacional do MST em São Paulo.
A TV do MST será, inicialmente, ''um presente''. O ''mimo'' foi oferecido pelo governador Roberto Requião (PMDB) no Encontro Nacional dos Sem-Terra, realizado entre 19 a 24 do mês passado, em São Miguel do Iguaçu (43 km a nordeste de Foz do Iguaçu), para comemorar o aniversário de 20 anos do MST. O projeto dos sem-terra ambiciona um público maior que o da CUT. A idéia é produzir um programa com versão em espanhol, a ser transmitido por satélite, pela ''TV Paraná'', para os países da América Latina e do Caribe.
O primeiro teste foi a transmissão recente de um programa sobre a história do MST. O próximo passo será a produção de um festival de música, tendo como tema a reforma agrária. A oferta de Requião foi recebida pelo comando do MST como uma oportunidade de expansão do seu projeto de comunicação.
A assessoria de imprensa do governo do Estado, no entanto, afirma que a TV Paraná Educativa não vai veicular um programa específico.
Dentro da estratégia de divulgação e propaganda das ações do movimento já atuam cerca de 300 emissoras de rádio comunitárias, as chamadas rádios livres, ou rádios piratas. Também fazem parte do projeto o ''Jornal dos Sem-Terra'', uma participação no semanário ''Brasil de Fato'', a revista ''Sem-Terra'' (de alta qualidade editorial), o boletim eletrônico quinzenal Letra Viva e a página do MST na internet (www.mst.com.br) em processo de reestruturação para abrigar um portal de notícias em tempo real.
O MST pode contar ainda com a estrutura da Via Campesina, uma organização internacional, com sede em Honduras, que representa movimentos de trabalhadores rurais no mundo inteiro.
A idéia de um canal próprio para os dirigentes dessas entidades é antiga, mas ainda impraticável diante dos obstáculos legais de acesso a uma concessão enquadrada no modelo oficial de radiodifusão controlado pelo Ministério das Comunicações. ''Há muitos anos cultivamos esse sonho'', revelou o secretário nacional de Comunicação da CUT, Antônio Carlos Spis, na noite de lançamento do programa, no dia 3, na Câmara dos Deputados.