A Interpol (sigla em inglês para Organização Internacional de Polícia Criminal) já enviou cópias digitais dos dois quadros furtados na quinta-feira (20) do Museu de Arte Moderna de São Paulo (Masp) para 186 países. As imagens serão divulgadas, com as dimensões e as técnicas usadas nos quadros, principalmente para agentes dos aeroportos internacionais e na página da organização policial na internet.
A investigação sobre o furto das pinturas está a cargo da Polícia Civil de São Paulo. No entanto, a Polícia Federal (PF) e a Interpol auxiliam na busca dos quadros O Lavrador de Café, de Candido Portinari, e Retrato de Suzanne Bloch, de Pablo Picasso.
"Trabalhamos com duas vertentes. Buscamos pistas para chegarmos aos criminosos e recuperarmos as obras e difundindo [notícias sobre o roubo e cópias das imagens]. Lançamos anzóis num oceano de possibilidades", explica o coordenador-geral da Interpol no Brasil, delegado Jorge Barbosa Pontes.
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O delegado, que já chefiou a Divisão de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente e o Patrimônio Histórico da PF, avalia que os ladrões tinham um destinatário para os quadros. O receptador, segundo ele, também tem um comprador final: "Sabemos que ninguém vai roubar um Picasso e um Portinari se não tiver um receptador pré-determinado".
Para Pontes, a ação foi minuciosamente planejada. "Alguém observou a fragilidade, cronometrou, viu em quanto tempo poderia ser feito", ressalta. "É preciso planejamento, prospecção, identificação de receptadores e de compradores." Ele não descarta a possibilidade de envolvimento de funcionários do próprio museu.
Segundo o delegado, os quadros não deverão ser comercializados ou apresentados a outras pessoas além dos envolvidos no roubo. "Essas obras sequer podem ser colocadas em uma sala ou em qualquer ambiente social. É algo para o deleite solitário", avalia.
Pontes acredita que, nos últimos anos, aumentou a fragilidade dos sistemas de segurança de museus, igrejas e bibliotecas que guardam acervos raros. Isso porque as quadrilhas estão se especializando nesse tipo de crime. "Hoje há quadrilhas migrando de outras áreas", constata. "Hoje, se você quer US$ 10 milhões ou US$ 20 milhões, é mais fácil furtar obras de um museu."
A assessoria do Masp disse que não há uma estimativa oficial sobre o valor das obras, já que elas nunca foram a leilão. Segundo o museu, a cifra de R$ 100 milhões que vem sendo divulgada pela imprensa é uma estimativa de analistas do mercado de arte. A assessoria também confirmou que nenhuma obra do acervo do museu tem seguro.
Na avaliação do delegado, a Polícia Federal tem aperfeiçoado o combate a esse tipo de crime desde que criou, em 2001, a Divisão de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente e Patrimônio Histórico. "Estamos na infância. Já conhecemos as quadrilhas e os indivíduos que movimentam esse mercado, mas estamos aceleradamente em busca de mais conhecimento", analisa.
As informações são da Agência Brasil.