Cumprindo a promessa que fez durante uma audiência no dia 12 de maio, o papa Francisco criou a Comissão de Estudos sobre Diaconisas nesta terça-feira (2), informou o Vaticano. O grupo é o primeiro do novo milênio a estudar a inclusão das mulheres presidindo algumas cerimônias litúrgicas.
De acordo com o documento divulgado, 12 pessoas farão parte do comitê de leigos e religiosos, sendo seis mulheres, e o grupo terá como presidente o monsenhor Luis Francisco Ladaria Ferrer, que atualmente é secretário da Congregação para a Doutrina da Fé. Entre as mulheres que participarão da Comissão, está a professora da Universidade "La Sapienza" de Roma, Francesca Cocchini, a professora de Teologia na Universidade de Viena e membro da Comissão Teológica Internacional, Marianne Schlosser, além de religiosos e professores de universidades da França, Nova York e Madri.
Segundo o Pontífice havia comentado em maio, o grupo terá como missão estudar o que eram os diaconatos femininos na Igreja primitiva, que são mencionados em algumas passagens bíblicas. "O que eram esses diáconos femininos? Elas tinham ordenação ou não? Era um pouco obscuro. Qual era o papel das diaconisas naquela época? Constituir uma comissão oficial que possa estudar questão?", disse a um grupo de 900 mulheres que foram a uma audiência no Vaticano e questionaram Francisco sobre os papéis das mulheres na Igreja.
Leia mais:
OMS anuncia que mpox ainda figura como emergência em saúde pública global
Curiosos ficam próximos de lava de vulcão na Islândia e polícia é acionada
Funeral de Liam Payne movimentou doações para ajudar crianças com câncer
Equipe de Trump tem primeira baixa e escolhido para Departamento de Justiça renuncia à indicação
O diácono está na esfera das três principais ordens sacerdotais dos católicos: Episcopado, Sacerdócio e Diaconato. Há dois tipos de funções para estes últimos: os transitórios são aqueles que recebem o grau de maneira temporal, enquanto tentam atingir o sacerdócio - ou seja, tornar-se padre - e os permanentes, que são aqueles que já são casados ou pretendem se casar e não tem objetivos de serem religiosos dos mais altos níveis. Todos, no entanto, podem realizar matrimônios e batizados.
Em 1994, o então papa João Paulo II parou as análises sobre a inclusão das mulheres, mas segundo o cardeal Carlo Maria Martini falou à época, aquela pausa "não foi um não". O assunto de incorporar as mulheres em ritos é um tema caro ao papa Francisco. Por diversas vezes, ele mencionou que elas deveriam ter mais espaço na Igreja Católica. Segundo historiadores, a falta de mulheres no sacerdócio seria referente ao fato de não haver presença feminina no momento da Santa Ceia de Jesus Cristo. O ato instituiu a Eucaristia, a divisão do pão e do vinho como o corpo e sangue de Jesus, para os cristãos católicos.
Porém, Jorge Mario Bergoglio já "desconstruiu" um pouco esse conceito ao, na Páscoa deste ano, incluir pela primeira vez na história, a presença de mulheres no rito de Lava-Pés, um dos mais importantes para os católicos. Há algumas referências na Bíblia sobre as mulheres que atuavam como diaconisas, mas não está claro como elas eram escolhidas. Sabe-se que atuavam como auxiliares em batizados ou ainda no cuidado com os doentes. Essas referências aparecem nos primeiros séculos da Igreja, mas não há mais detalhes nos séculos posteriores. (ANSA)