O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) de Minas Gerais inicia em abril uma campanha nacional e internacional de mobilização popular para mudar o local do julgamento dos 15 acusados pela chacina de Felisburgo, ocorrida em 20 de novembro de 2004 no Vale do Jequitinhonha, região nordeste de Minas Gerais.
Naquele dia, cinco pessoas foram mortas e outras 17 ficaram feridas durante ataque de pistoleiros contra as famílias de sem terra do acampamento Terra Prometida, na fazenda Nova Alegria, de propriedade de Adriano Chafik Luedy.
O responsável pelo acompanhamento jurídico do caso pelo MST, Pedro Otoni, explicou que o movimento quer que o julgamento seja transferido do município de Felisburgo para Belo Horizonte por achar que na capital mineira haveria maior imparcialidade e, portanto, menor risco dos crimes ficarem impunes.
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"A nossa luta é, principalmente, pelo desaforamento (recurso jurídico em favor da mudança de Fórum para o julgamento) para que todos os criminosos sejam julgados fora do Vale do Jequitinhonha, onde esse sujeito (Adriano Chafik) tem grande poder de influência política." Otoni apontou o dono da fazenda Nova Alegria como um dos grandes articuladores do Movimento de Defesa da Propriedade (MDP), entidade que, segundo frisou, luta contra os movimentos sociais pela posse da terra.
Segundo Otoni, passados um ano e quatro meses da chacina apenas dois dos 15 réus arrolados no processo estão presos: Erivaldo Pólvora de Oliveira e Jailton dos Santos Guimarães, ambos jagunços que teriam sido contratados pelo dono das terras.
O processo ainda está em fase de análise no Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais e não há uma data determinada para o julgamento. Mas, por acreditar que essa definição saia no próximo mês de abril, o MST programou uma ampla divulgação do massacre e de seus desdobramentos por meio de atos, cartazes e do apoio de comunidades internacionais. No dia 4 de abril está programado um ato público na Assembléia Legislativa de Belo Horizonte.
Otoni disse que 105 famílias permanecem acampadas no local, esperando que a área de 568 hectares de terras devolutas - de um total de l.700 hectares pertencentes a Adriano Chafik - seja transformada em área para reforma agrária. Esse número é quase a metade das famílias que vivia no acampamento quando houve a chacina, conta o representante do MST, salientando que entre os feridos estava um menino de apenas 12 anos. As vítimas fatais foram Iraguiar Ferreira da Silva, Miguel José dos Santos, Joaquim José dos Santos, Juvenal Jorge da Silva e Francisco Ferreira do Nascimento.
Agência Brasil