Um traficante de drogas colombiano apontado como o articulador entre produtores de cocaína de Colômbia, Peru e Bolívia e distribuidores europeus foi preso em Bogotá, a pedido da Polícia Federal brasileira. Segundo as investigações, ele teria conexões com integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) para passar a droga por São Paulo para alcançar a Europa.
José Esteyman Poveda era um dos alvos da Operação Arepa, feita pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes da PF em São Paulo, que cumpriu 29 mandados de prisão em maio. O acusado estava em seu país de origem, mas a 6ª Vara Federal de Santos atendeu o pedido de prisão temporária contra ele. A prisão foi conduzida pela Direção da Procuradoria Especializada Antinarcóticos, um departamento especializado da Colômbia, uma vez que o homem é apontado, também, como integrante do Cartel do Golfo, organização criminosa especializada na exportação de drogas.
Poveda seria o elo entre o cartel e o PCC: intermediava o contato entre produtores da Colômbia, do Peru e da Bolívia com compradores da Bélgica e da Holanda. A prisão aconteceu no dia 17, e o caso foi divulgado anteontem pela TV Bandeirantes.
Leia mais:
ONU vê militarização de escolas como ameaça ao direito de ensino
Pantone declara 'Mocha Mousse', marrom suave e evocativo, como a cor do ano 2025
Jornalista paranaense é assassinado a tiros no México, diz imprensa local
Time de vôlei dos EUA sofre boicote e atrai polêmica sobre participação de transgêneros em esportes
O delegado federal Fabrizio Galli, um dos autores do pedido, disse que "por meio da cooperação da Polícia Federal com as autoridades da Colômbia", conseguiu concretizar a prisão. "No começo da operação, ele tentou entrar no Brasil, mas a Polícia Federal tinha um processo por expulsão. Ele tentou, mas não conseguiu", segundo Galli. A prisão sem resistência foi feita em Lijaca, bairro no norte da capital colombiana.
A PF interceptou as conversas entre o traficante e o grupo brasileiro, que tinha como um dos líderes Marcos Damião Lincoln, preso na operação de maio. Em uma dessas conversas, o colombiano afirmou que já havia feito chegar à Europa 7,5 toneladas de drogas por São Paulo.
"Os brasileiros pertenciam a células do PCC. Mas, hoje em dia, o PCC é um sindicato. Não é uma hierarquia que precisava de autorização de alguém de dentro para fazer o comércio. Eles se intitulam PCC, falam várias vezes que fazem parte, e o primeiro contato com Poveda se utilizou da expertise da facção", afirma o delegado. "Eles têm células autônomas para traficar drogas."
Carregamentos
As investigações sobre a célula do PCC com a participação do traficante colombiano começaram em junho do ano passado. Nesse período, durante as interceptações, os policiais federais conseguiram frustrar dois carregamentos de drogas para a Europa. Em um deles, 200 quilos de cocaína foram apreendidos no Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos. No outro, 400 quilos estavam sendo embarcados no Porto de Santos. Do litoral paulista, as cargas de cocaína seguiriam para os portos de Roterdã, na Holanda, e de Antuérpia, na Bélgica, de onde depois são distribuídas para o resto da Europa.
"Agora, estamos investigando como o dinheiro era lavado", diz o delegado, afirmando haver indícios de que o grupo mantinha postos de gasolina para ocultar a renda vinda do tráfico. O delegado afirma ainda que, durante a operação, os agentes flagraram ¤ 200 mil que a quadrilha tentava trocar por reais para, então, lançar no faturamento de postos de gasolina. "Eles também compravam e vendiam carros para fazer o dinheiro girar", afirmou o delegado.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.