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Seo Ninho, o mestre das máquinas de escrever

Fernanda Circhia - Redação Bonde
27 set 2017 às 22:57
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Honestidade, respeito, caráter, trabalho, doçura, alegria, amor e honra são algumas das palavras mencionadas sobre Gervásio Falconeri Gonzales Vasquez, o seo Ninho, por seus filhos, cunhado e nora. Além de oferecer sempre os conselhos certos nos momentos certos.

Quem frequentava o centro de Londrina e/ou tinha máquina de escrever, nas décadas de 1960, 1970, 1980 e 1990, com certeza conheceu o seo Ninho. O mecanógrafo fez a vida consertando, vendendo e limpando máquinas de escrever e calculadoras para várias empresas de Londrina. Os serviços foram realizados na conhecida "Dom Camilo", no Centro Comercial, até 2011. Depois disso, passou a trabalhar em um imóvel próprio na Avenida São Paulo.

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Seo Ninho nasceu em Areguá, no Paraguai, e chegou a São Paulo, em 1952, com 19 anos. Três anos depois chegou a Londrina, onde abriu sua empresa e formou família. "Ele amava e admirava Londrina. Ele dizia que era uma cidade linda", conta sua filha, Beatriz Euzébio González Libos.

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Conheceu sua esposa, Nair Euzébio González, em meados de 1959, quando um amigo apresentou os dois em um baile. "Minha mãe dizia que meu pai andava com um terno branco com flor na lapela." Desta união, vieram seus três filhos, Gervásio, Beatriz e David e, destes, seus sete netos.

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Paixão pela cozinha


O que muitos não sabem é que seo Ninho amava cozinhar. Tanto Beatriz como seu cunhado Luiz Carlos Euzébio fizeram questão de ressaltar seu amor pela cozinha. "Ele fazia vários tipos de arroz diferentes. Eram deliciosos", afirma Carlos. Ele também amava os animais, o mar e caminhar. "Muitos diziam que ele foi o pai que não tiveram", diz Beatriz emocionada.

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Histórias de seo Ninho


Além de seu amor pela cozinha, Beatriz amava a forma com que seu pai contava histórias. "Ele contava que numa época estava duro, sem dinheiro, devendo pensão, escapava da pensão para o dono não ver ele ir trabalhar, sem dinheiro total. Aí surgiu um grande serviço no Banco do Brasil, em Maringá. Ele foi para Maringá trabalhar e eles ganharam muito dinheiro, mas muito dinheiro consertando máquinas de escrever. Meu pai sempre foi muito trabalhador. E era véspera de Natal e queria voltar para Londrina, mas não tinha ônibus, nem carro, nem táxi, porque estava chovendo demais, a estrada era de terra. Aí eles fretaram um avião no meio da tempestade, chegaram com os bolsos cheios de dinheiro, pagaram todas as contas e passaram um Natal gordo. A alegria dele não era ser endinheirado, a alegria era poder pagar tudo o que estava devendo e pela comida também. O que ele gostava dessa história era da aventura", diverte-se.

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"Tem uma outra história que ele contava que era divertidíssima. Ele dizia que o fotógrafo que tinha no Centro Comercial enriqueceu porque colocou uma foto dele [seo Ninho] na vitrine. Assim era meu pai, muito alegre", relata. "Foi uma honra ter sido filha dele. Ele era um homem admirável, melhor espécie de gente que você [repórter] pode imaginar."


Para seu cunhado Carlos, Seo Ninho foi um verdadeiro pai e irmão para ele. "Eu não tive pai, meu pai morreu quando eu tinha 5 anos. O Ninho me deu a oportunidade de ter meu primeiro emprego na vida, eu tinha 13 anos, fui o primeiro funcionário dele. Os primeiros passos da vida profissional foi ele que me ensinou, ele me ensinou a não ter preguiça de trabalhar. Ele trabalhou honestamente a vida inteira, todas as pessoas que conhecem ele têm muito respeito e admiração. Ele sempre dizia que ganhou a vida na chave de fenda."

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A era das máquinas de escrever



Carlos lembra que o Banco do Brasil e a Folha de Londrina eram os principais clientes do seo Ninho. Muitos jornalistas adquiriram suas primeiras máquinas de escrever com ele. O jornalista Nelson Capucho é um deles. "Ele consertou nossas máquinas de escrever durante muitos anos. Quando a Folha entrou na era dos computadores nos anos 1990, comprei a velha Olivetti casca grossa que eu usava no jornal e pedi que ele desse um trato. Ficou lindona! Além disso me lembro que ele fazia parte da confraria do Bar do Lema [hoje Bar do Jaime]. Era gente boa pra caramba."

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Broncas fofas


Sua nora Cintia Prado, esposa de seu filho mais novo, David Euzébio González, afirma que Ninho era o porto seguro da família, "sem contar as broncas mais fofas que já levei na vida", valoriza. "A preocupação e o cuidado que ele tinha com qualquer pessoa, desde um desconhecido até um familiar, eram admiráveis. Ele simplesmente foi e sempre será um grande exemplo pra qualquer pessoa que o tenha conhecido. Um grande mestre."

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História surpresa


"Durante o velório, veio à tona uma história que ninguém conhecia sobre Ninho. Uma moça chegou em mim e disse que, há muito tempo, a cunhada dela estava passando por uma situação financeira muito difícil e estava grávida. Desde então, seo Gervásio, sem conhecer muito bem a moça, passou a doar leite para ela todos os meses. Após alguns anos, ela disse a ele que não precisava mais, pois já havia condições de comprar. Mas mesmo assim, ela disse que ele continuou mandando o leite mensalmente até hoje. Ninguém sabia disso, foi uma grande surpresa para todos da família", acrescenta a nora.


Amor



David diz que seu pai morreu de amor. "Foram 53 anos de casado com minha mãe [Nair Euzébio González]. Ela faleceu em 20 de dezembro de 2016. Mas desses 53 anos, quase 30 anos era com separação de corpos. Ela maltratava ele [emocionalmente]. Ela não tinha motivos, mas fazia. Na última semana de vida dela, ela passou a tratá-lo bem, a aceitar e a agradecer os agrados dele. Esse gesto dela fez com que ele se apaixonasse por ela como no começo. Com a morte dela há 9 meses, morreu uma parte dele também. O coração dele não suportou. Ele ficou ruim da cabeça depois disso. Na semana passada, esteve com um pastor e amigo da igreja [Metodista] e perguntou sobre ressurreição e se demoraria muito para encontrar minha mãe novamente."


Deixa três filhos e sete netos. Dia 25, aos 82 anos, de infarto.

O Portal Bonde publica obituários todas as quintas-feiras. O leitor que quiser homenagear alguém nesta seção, pode entrar em contato pelo telefone (43) 3374-2151, de segunda a sexta-feira, das 13h às 18h. O obituário é gratuito.


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