Uma extensão de aproximadamente 60 metros de comprimento, na esquina das ruas Augusto Stellfeld com Fernando Moreira, na região central de Curitiba, pode estar totalmente comprometida, inclusive com riscos de desabamento. A constatação está no laudo técnico geológico e geotécnico elaborado em outubro pela Ampla - Engenharia de Projetos Ltda., realizado a pedido do Instituto de Planejamento e Projetos Urbanos de Curitiba (IPPUC).
"Por causas não conhecidas, formou-se um vazio debaixo da calçada. O que nós temos é uma calçada com cerca de 3 metros de fundura com argila em cima de um vazio. Isso significa que essa área está sujeita a desmoronar a qualquer momento", alerta o engenheiro e arquiteto Ayrton Cornelsen, cuja residência fica exatamente na área afetada.
Além de ver colocada em risco a casa, o engenheiro vem insistindo com a prefeitura sobre a necessidade de se tomar medidas preventivas, uma vez que existe no local um poste da rede elétrica e dois eucaliptus.
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O problema começou a ser percebido há cinco ou seis anos. Na época, Cornelsen começou a reparar o aparecimento de trincas no muro de sua casa. O subsolo ao redor do muro também passou a sofrer um recalque. Ao perceber o problema, ele chegou a fazer um reforço com estacas para escorar o muro. "Passados alguns meses, o recalque começou de novo, e hoje o solo já afundou 80 centímetros, chegando a abaixar dois centímetros a cada 15 dias", conta.
A prefeitura foi alertada por ele em maio, tendo enviado peritos que fizeram estudos no local. O laudo final comprova que a situação na área é grave. "...foram evidenciadas áreas ocas, com espessuras variando em torno de 2 a 3 metros, comprovando com isto que o afundamento que está ocorrendo no local é devido a um processo erosivo que vem acontecendo".
O laudo também aponta duas possíveis causas: a construção de um poço para rebaixamento do aquífero local no prédio vizinho ou o rompimento de tubulações de águas pluviais, que podem estar fazendo com que a água que passa ali forme um processo erosivo contínuo, explica o laudo.
O geólogo Adriano Razera Filho e o engenheiro civil Ritsuro Yamada, que assinam o estudo da empresa de engenharia, fazem duas recomendações à prefeitura: deverão ser intensificadas as sondagens para mapear o tamanho em que se encontra o buraco, bem como fazer uma verificação das tubulações de galerias das águas pluviais ao longo da Rua Augusto Stellfeld, para reconhecimento de algum rompimento.
Segundo o geólogo biotécnico Luiz Antônio Rocha, 37 anos, as causas podem ser um trecho de solo com baixa resistência ou um antigo problema de vazamento subterrâneo. "Existem casos de vazamento de tubulações que não foram percebidos e que formaram verdadeiras grutas embaixo do solo, provocando afundamentos. Além disso, há o risco do solo não ser suficientemente forte para aguentar a pressão feita por pesos acima dos que ele pode aguentar", afirmou.
A prefeitura informou que o relatório do Ippuc não é conclusivo e um engenheiro da secretaria de obras irá ao local vistoriar e verificar as proporções desse afundamento.