A Escola Estadual Jardim Apucarana, em Almirante Tamandaré (Região Metropolitana de Curitiba), iniciou um projeto com o objetivo de afastar os alunos da criminalidade. As técnicas utilizadas são a cultura hip hop, movimento popular baseado na música (rap), dança (break) e arte (grafite). A proposta também pretende reduzir a evasão escolar que, nas turmas da noite, chega a 20%. O projeto conta com a participação de ex-alunos, moradores e outros voluntários adeptos ao movimento.
Muitos alunos, principalmente do período noturno, têm histórico de envolvimento em assaltos, brigas, drogas e prostituição, conforme relatou a diretora da escola, Maria Madalena Albergoni de Andrade. A escola tem 360 alunos de 5ª a 8ª séries. Pelo menos 90 deles já tiveram alguma participação em delitos. O bairro, segundo ela, é um dos mais violentos do município e o tráfico de drogas é uma atividade comum. "É tão fácil conseguir drogas pelas ruas do bairro, que os traficantes nem precisam usar a escola como ponto de comércio."
A idéia, segundo Madalena, era levar para a escola alguma atividade que despertasse o interesse dos alunos e que também passasse uma mensagem positiva. "O hip hop se encaixou perfeitamente porque muitos estudantes já têm algum envolvimento com o movimento, que defende um estilo de vida saudável, longe da drogas e da violência."
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Integrantes dos grupos Brasil Rock Criw, de break, e Brasil Arte Criam (BAC), de grafitagem, participaram ontem das oficinas para repassar uma idéia do movimento para os alunos da tarde. Eduardo, 18 anos, ex-aluno e um dos instrutores de break, afirmou que a iniciativa é importante e dá resultado. Ele se considera um formador de opinião e como tal acredita que servirá de exemplo para os demais jovens.
Os grupos de rap Consciência Suburbana, Introdução de Rua e Raciocínio Negro da Periferia, que se uniram para desenvolver o trabalho na Escola Jardim Apucarana, já vêm desenvolvendo projetos em outros colégios e, inclusive, na Penitenciária Central do Estado. Eles também se apresentaram na escola. As letras das músicas são, na maioria, críticas sociais e que retratam a realidade da região.
As oficinas deverão acontecer durante todo o ano como parte das disciplinas de Sociologia e Cultura Brasileira, incluídas este ano na grade curricular da escola. A intenção com a implantação dessas disciplinas, segundo a professora de Cultura Brasileira, Soilene Knaut, é levar para a escola "temas que ajudem a mudar a realidade dos alunos".
A escola pretende desenvolver atividades também no domingo como forma de oferecer uma alternativa de ocupação para os jovens, que não têm opções de lazer e cultura no bairro.