Pelo menos para os próximos meses, o Paraná vai continuar com apenas um hospital especializado no atendimento a queimados. É que apesar do Ministério de Saúde ter autorizado a criação de quatro Centros de Referência em Assistência a Queimados no estado, até agora só o Hospital Evangélico de Curitiba - que possui ala especial para o serviço e é considerado o melhor da Região Sul - credenciou-se junto à Secretaria Municipal de Saúde para participar do programa. Até o final de abril, ela avaliará as condições do hospital e encaminhará toda documentação à Secretaria Estadual para que o processo siga ao ministério.
A Portaria 1,273 do Ministério da Saúde, assinada em 21 de novembro do ano passado, tenta incentivar os hospitais de todos os estados a se adaptar e candidatar ao projeto junto às secretarias estaduais. A previsão é implantar 68 centros no País. Em caso de aprovação, o ministério oferece a contrapartida de uma nova tabela de procedimentos hospitalares e ambulatoriais na área através do Sistema Único de Saúde (SUS). A portaria também prevê novos procedimentos e nova tabela de pagamento para os hospitais gerais, que prestarem o primeiro atendimento aos queimados.
"Essa portaria vem preencher uma lacuna, porque o atendimento a queimados custa bem mais do que os serviços médicos com outros pacientes", diz a assessora do Centro de Controle, Avaliação e Auditoria da Secretaria de Saúde de Curitiba, Anna Paula Penteado. Pela nova tabela, os procedimentos têm um acréscimo médio de 60% em relação aos demais. O SUS gasta anualmente R$ 55 milhões com queimados. Com o cadastramento dos Centros de Referência o montante passará a ser de R$ 70 milhões/ano.
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A iniciativa, entretanto, não teve muita receptividade. Até agora, só cinco estados mandaram suas listas com hospitais interessados. Para o coordenador da área de urgência e emergência da secretaria no Paraná, Vinícuis Filipak, o problema é que "os hospitais não têm recursos para atender as exigências da portaria". Para serem considerados aptos a criar um Centro de Referência em Assistência a Queimados, os hospitais têm que contratar médicos especializados, dispor de espaços físicos específicos e equipamentos. A portaria também prevê mínimo de oito e máximo de 20 leitos destinados aos queimados, além de seis leitos na UTI.
A Secretaria Estadual pretendia localizar ontros três hospitais em regiões distintas do Estado para aproximar o serviço da população. Uma indicação dada como certa era a do Hospital Universitário, em Londrina, o que acabou não acontecendo porque a instituição está em reformas e descartou a possibilidade de abrir novos serviços no momento. Sem atendimento especializado no interior, o paciente que necessitar atendimento especializado, em virtude do grau de extensão ou gravidade da queimadura, é transferido para o Evangélico em Curitiba.
Segundo o médico Manoel Alberto Prestes, que dirige o setor de queimados do Evangélico, para se transformar em Centro de Referência, o hospital teve que promover algumas mudanças, como a construção de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) exclusiva para socorrer vítimas de queimaduras. O setor de queimados do Evangélico tem 28 vagas. Todas costumam estar ocupadas, inclusive com pacientes de Santa Catarina. Treze delas são destinadas à crianças e outras 15 aos adultos. Com os convênios particulares, o número de pessoas internadas chega a 50 por mês.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, 43% dos queimados são crianças entre zero e dez anos, sendo que 51% dos casos acontecem em casa e 80% deles na cozinha. As pessoas de classe mais baixa são as mais atingidas por queimaduras.