O Paraná tem hoje 10,2 mil índios, o que significa apenas 10% de sua população indígena original, calculada em 100 mil índios. Em compensação, o número é cinco vezes superior à quantidade de índios existentes na década de 1970, estimada em apenas dois mil. Esse repovoamento não é exclusivo do estado. No Brasil, que já chegou a ter cerca de 5 milhões de índios, a população chegou a apenas 180 mil nos anos 70 para voltar a 350 mil nos dias de hoje.
"Os outros nós comemos todos, afinal não se sabe quantos índios nós gastamos para colonizar todo o País" diz o indigenista Edívio Battistelli, assessor para Assuntos Indígenas do Paraná para a Secretaria Estadual da Justiça e Cidadania. A taxa de crescimento da população indígena no Paraná, segundo Battistelli, é de 4,6 ao ano, um índice 3,1 acima da média de crescimento da sociedade brasileira, que está em 1,55.
Trabalhando há 24 anos junto à comunidade indígena, ele acredita que o crescimento populacional nos últimos 30 anos se deve principalmente em função do desentrosamento das terras indígenas invadidas pelos brancos, com a conseqüente demarcação para usufruto exclusivo dos índios, pelo tratamento sanitário com campanhas de vacinação e, ainda, pela produção de alimentos em áreas que antes eram ocupadas por não índios. "Há também outros motivos como educação e saneamento, mas esses são três pontos principais", diz.
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Os 10,2 mil índios do Paraná dividem-se em três etnias: Caingang, Guarani e Xetá, que habitam 17 terras indígenas espalhadas em 23 municípios do Estado, num total de 85 mil hectares. A maior tribo é dos Caingangs, com 8 mil índios no Estado, que vivem em municípios da região centro-sul. Os 2,5 mil Guaranis vivem do litoral até a divisa com o Paraguai, ocupando várias regiões. Já os Xetás são apenas 36 pessoas, sendo 8 puros e 28 descendentes. Enquanto os Caingang falam a língua Jê, os Guaranis e Xetas usam o Tupi.
Já os 350 mil índios do Brasil vivem em 215 grupos em 564 reservas indígenas e falam 189 línguas. Eles só não estão presentes nos estados do Piauí, Rio Grande do Norte e Distrito Federal. Além dos Xetás, Battistelli cita outros grupos de índios puros no Brasil, como os Unas no Amazonas, com 9 pessoas, os Avacaroeiros no Brasil Central, com 12 e Aricatus, em Roraima, que possui menos de dez representantes.
Para o indigenista, ainda há muitos trabalhos a fazer nos próximos anos, como a demarcação de terras e pendências administrativas e jurídicas. Ele acredita, no entanto, que existem dois desafios maiores para o próximo milênio. "É preciso melhorar a qualidade de vida, que caminha em sentido inversamente proporcional ao crescimento da população, dando melhores condições econômicas aos índios e propiciar seu acesso à vida nacional, sem que ele deixe de ser índio".