Somente nesta semana, quatro acidentes com balas perdidas foram registrados em Curitiba. Todas as vítimas eram crianças. A preocupação das autoridades com o aumento da incidência, no entanto, não reflete na prevenção. A Polícia Militar de Curitiba não tem uma estatística sobre acidentes envolvendo balas perdidas e ainda não realiza atendimento preventivo nas regiões mais perigosas para evitar esse tipo de ocorrência.
O delegado José Mário, do 11º Distrito, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC) denuncia que a situação no bairro está insustentável. "A PM precisa realizar um policiamento mais efetivo para evitar esses casos", salienta. As quatro vítimas de bala perdida são do bairro. O mais recente aconteceu na quinta-feira, quando o garoto Renato Estevão, de 12 anos, foi ferido no abdomen quando passava pela Rua Rodrigo Fontana. Caso semelhante ocorreu no último domingo, quando a menina Gisimeri Melani de Lima, 12, foi atingida pelo disparo de uma arma de fogo, quando brincava em frente a uma panificadora da bairro CIC.
Segundo José Mário, a delegacia esbarra no silêncio da população na hora de apurar os responsáveis. "As pessoas não denunciam esse tipo de ocorrência", revela o delegado, estimando a existência de mais casos do gênero. "É uma região violenta", enfatiza. Segundo Mário, a delegacia registra cerca de 30 ocorrências por dia. Número que aumenta aproximadamente 20% nos finais de semana.
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O tenente do 13º Batalhão da PM, Willian Kuczynski, garante que o policiamento na região é suficiente para evitar a violência. "Os casos já foram apurados e os disparos foram feitos por traficantes que atuam no local", revela o tenente adiantando que os responsáveis já foram identificados e estão sendo procurados pela polícia.
Kuczynski explica que a PM classifica os acidentes com balas perdidas como disparos de armas de fogo, que podem envolvem diversos tipos de ocorrência. "Casos específicos de balas perdidas não são registrados porque teoricamente não existem", classifica. Os casos de disparos com armas de fogo pularam de 233, de janeiro a junho do ano passado, para 278, no mesmo período desse ano. Já os homicídios na capital, somam 180 somente este ano, segundo a Delegacia de Homicídios.