Desde que assumiu a Delegacia de Rio Branco do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba, dia 12 de janeiro, o delegado Mario Sérgio Zachesky, conhecido pelo apelido de Bradock, já prendeu 26 pessoas, sendo três menores de idade. Este número representa uma média de 1,4 detidos por dia, entre latrocidas (responsáveis por assaltos seguidos de morte), assaltantes e arrombadores de residências e estabelecimentos comerciais. O resultado das prisões reflete-se na redução de ocorrências policiais: desde que assumiu não houve mais nenhum homicídio, assalto a ônibus ou arrombamento na cidade.
O segredo para atingir essa estatística é um só: "muito trabalho", resume Bradock, ao contar que chega diariamente às 7 horas na delegacia e sai às 3 da madrugada em noites mais movimentadas. "Estamos conseguindo assustar os bandidos. Até pessoas que tinham objetos roubados em casa já chegaram a nos devolver pessoalmente com medo de serem pegos", diz. Outro segredo de seu trabalho é a confiança que consegue conquistar junto à população. "As pessoas já ligam para denunciar", completa.
A população vê com bons olhos a atuação do novo delegado. Lindamir de Barros, que mora vizinha à delegacia, conta que antigamente tinha medo das constantes fugas. "Eu já tinha visto o delegado em reportagem da televisão e conhecia a fama dele, mas ele está fazendo um bom trabalho, prendendo muitos e quem merece", diz.
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Ontem mesmo, o delegado apresentou à imprensa o resultado de seus 18 dias em Rio Branco do Sul. Entre os 26 presos, estão quatro fugitivos da delegacia, todos já condenados por latrocínio com penas variando de 6 há 30 anos de prisão. Os detentos garantem que o delegado não costuma usar de violência. "Nós só estamos precisando de alguma atividade para fazer aqui na cadeia, porque ficamos fechados o dia todo, sem tomar sol", diz Manoel França, condenado a 30 anos por latrocício.
Um dos problemas por que passa a delegacia é a superlotação. Os 23 presos estão em duas celas com capacidade para apenas oito pessoas, além dos três menores, que dividem outra sala. Essa situação começa a ser resolvida a partir dessa semana, com a construção de novas celas, custeadas pela prefeitura. "Além de resolver a situação de superlotação, vamos dar uma atividade para os presos. Senão, como é que eles vão se recuperar?", questiona.
A história de Bradock é cercada de polêmicas. Com 47 anos, passou por seis delegacias. Suas últimas passagens foram em Rio Negro e Andirá. O delegado ficou conhecido na polícia por adotar estilo e postura diferentes de seus colegas. Pratica karatê e musculação, e anda sempre vestindo camiseta e calça camuflados, no estilo "rambo", um colete cheio de granadas e armado com pelo menos duas pistolas, uma faca e um canivete.
Ao contrário de se incomodar, apelidos como "xerifão" e "bradock" o envaidecem e até acabaram se integrando ao nome original. Hoje ele mesmo se denomina como Mário Sérgio Bradock Zacheski. Esse estilo cinematográfico, entretanto, recebe muitas críticas. O delegado está respondendo a inquérito na delegacia de Itaperuçu, município vizinho, por matar um menor, na semana passada, em um confronto com fugitivos da polícia. Alheio às polêmicas, ele diz que vai continuar com seu estilo. "Aqui a cobra vai fumar", avisa.