O Brasil inicia o novo século como um país que merece atenção especial para receber investimentos de Tecnologia da Informação. Esta foi a mensagem de membros do governo brasileiro, entre eles o ministro da Ciência e Tecnologia, Ronaldo Mota Sardenberg, e o ministro da Cultura, Francisco Weffort, além de representantes do setor privado, como o diretor da Central Globo de Engenharia, Fernando Bittencourt, durante o evento "Preparando o Brasil para o Século XXI", realizado esta semana na Universidade de Oxford. Para os palestrantes, essa condição foi obtida, em grande parte, devido à privatização do sistema nacional de telefonia, que gerou competição e melhorou a infra-estrutura de telecomunicações do Brasil - o que é chave para a disseminação da Internet, por exemplo.
"No começo deste milênio, experimentamos um rápido desenvolvimento de chips, que se tornam cada vez mais velozes, e uma convergência de mídias. Juntos, esses dois fatores criam uma revolução", afirma Bittencourt. "O primeiro passo para que isso fosse possível foi a privatização do sistema nacional de telefonia", diz. O executivo mostrou dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), segundo os quais a base de usuários de telefonia fixa do Brasil é hoje de cerca de 35 milhões e deve saltar para 58 milhões em 2005. Já os usuários de telefones celulares somam 21,5 milhões atualmente no País e, em 2005, também devem totalizar 58 milhões.
"A competição que veio com a privatização incentivou o desenvolvimento do setor", diz o executivo. Segundo Bittencourt, os investimentos privados em telefonia fixa no Brasil somaram R$ 6,7 bilhões no ano passado, enquanto os gastos em telefonia móvel foram da ordem de R$ 2,4 milhões. Em 2005, a Anatel espera que os investimentos em telefonia fixa baixem para R$ 3,9 bilhões, enquanto os investimentos em telefonia móvel devem subir para R$ 4,5 bilhões no período.
Para Bittencourt, o mercado de Internet tem se beneficiado amplamente desses investimentos em telefonia. "A Internet é e será uma das tecnologias mais importantes deste começo de século", diz. "Por enquanto estamos em banda estreita, ou seja, o acesso não é veloz. Mas esperamos que em pouco tempo as conexões em alta velocidade via cabo, DSL e ADSL se tornem mais comuns". O executivo ressalta, no entanto, que a disseminação da Web no Brasil ainda é muito baixa, já que apenas uma pequena porcentagem da população tem acesso à rede mundial de computadores.
Leia mais:
Operação de combate a incêndios do Paraná termina: 2024 já teve o dobro de ocorrências de 2023
Minha Casa Minha Vida autoriza a construção de 1.282 casas para 44 cidades do Paraná
UEM ocupa primeiro lugar no ranking de produção científica feminina no Brasil
Paranaprevidência abre inscrições para concurso público
Ainda falta
Os investimentos em telefonia, no entanto, não significam que o País já fez tudo o que precisava para permitir o desenvolvimento do setor de TI. "Apenas 6% dos gastos mundiais em pesquisa e desenvolvimento vêm de países em desenvolvimento, e apenas 1,5% dessa total é gerado na América Latina", afirma o ministro da Ciência e Tecnologia, Ronaldo Mota Sardenberg. "Houve muitos avanços, mas ainda permanece muito por ser feito. E não há como negar que o abismo tecnológico entre países desenvolvidos e não-desenvolvidos está crescendo", afirmou. O ministro ainda citou como uma característica negativa a excessiva concentração de empresas de TI na região Sudeste, enquanto outras parte do Brasil quase não recebem investimentos.
Sardenberg destacou que o governo está atento para a crescente influência que as novas tecnologias exercem sobre a atividade econômica de um país e, exatamente por isso, o objetivo é incentivar ao máximo o desenvolvimento do setor de TI no Brasil. "Estamos cientes de que a tecnologia é crucial para puxar a produtividade e acelerar a economia", disse. Segundo o ministro, o desmonte de cartéis e monopólios é fundamental para promover a competição que, consequentemente, leva ao investimento em pesquisas e tecnologia - exatamente como foi feito com o sistema de telefonia.
TV digital
À medida que o País dá as boas vindas para as novas tecnologias, cresce o número de empresas que abrem os olhos para o potencial de ganhos do mercado nacional. E a Globo está entre as mais atentas, sobretudo em seu setor de especialidade: a televisão. Bittencourt acredita na fórmula TV + Internet + Telecom = Revolução, e avisa que as Organizações Globo estão de olho no enorme mercado que vai resultar dessa equação.
Se o Brasil já é o País da televisão, a empresa pretende que seja mais ainda o País da TV digital. Quando? "Já em 2003, talvez antes mesmo de a terceira geração de telefonia móvel estrear no mercado nacional", afirma o executivo em entrevista ao IDG Now!. Entre as vantagens da TV Digital, Bittencourt destaca a imagem e o som "perfeitos", interatividade, t-commerce (ou seja, comprar os produtos direto da tela), além da possibilidade de desenvolvimento de TV móvel e portátil em pequenos dispositivos, até mesmo celulares.
O executivo simulou um exemplo de t-commerce, exibindo um trecho de uma novela da emissora e mostrando que, com um clique, o telespectador pode comprar o CD com a trilha sonora da novela sem nem mesmo levantar-se do sofá.
"Queremos ter uma televisão diferente dos Estados Unidos e da Europa. Nos Estados Unidos os investimentos são em alta resolução, enquanto na Europa investe-se em múltiplos canais", explica. "No Brasil, queremos investir em TV com alta resolução e, ao mesmo tempo, que possa ser móvel". Para isso, a Globo está discutindo com a Anatel qual a tecnologia de TV digital que será adotada no País. As mais votadas são as tecnologias japonesa e européia, já que a norte-americana não possibilita o desenvolvimento de TV móvel - algo que a Globo considera essencial. "É um novo mercado para nós", diz Bittencourt. "Os brasileiros são fanáticos por televisão, e nós ainda vamos torná-la móvel e com alta resolução".
< Leia mais>Usuários de banda larga compram mais online