Apesar do Brasil ter entre 10 a 20% de toda a fauna e flora existente no mundo, apenas 2,75% de seu território nacional correspondem a unidades de conservação de uso indireto, ou seja, são áreas de preservação integral. Essa situação incomoda ambientalistas e conservacionistas de todo o mundo, que estão discutindo o assunto, desde domingo até quinta-feira, em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, no II Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação.
O evento conta com a participação de cerca de 700 pessoas, incluindo as maiores autoridades nacionais e internacionais no assunto. Segundo o coordenador-geral do congresso, Miguel Milano, o Brasil é vítima de uma política de descasos com a preservação do meio ambiente. Para ele, é um paradoxo o país ter a maior área de biodiversidade do planeta e ao mesmo tempo conviver com a falta de políticas públicas que privilegiem a ampliação, manejo e preservação dessas áreas.
O país tem apenas 370 unidades federais e estaduais de conservação de uso indireto. Esse número corresponde também a menos da metade das unidades de conservação de uso direto existentes no País. "Os índices deveriam ser o contrário, já que são as unidades de uso indireto que preservam tanto as espécies quanto o habitat natural que estas necessitam", diz Milano.
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As áreas de preservação estão separadas em dois tipos: unidades de conservação de uso indireto, também chamadas de proteção integral. Nesses locais, são permitidas apenas atividades que não impliquem no uso, com consumo, dos recursos naturais, ou seja, só são autorizadas atividades de pesquisas científicas, educação ambiental, recreação e turismo, com monitoramento. É o caso do Parque Nacional do Iguaçu, do Pantanal e de partes da Amazônia, por exemplo. Já nas unidades de conservação de uso direto é permitido o uso dos recursos naturais, como a exploração de madeira, pesca, captação de água, dentro de regras específicas e pré-estabelecidas em termos de intensidade e localização onde estas atividades podem ser exercidas. Enquadram-se nessa situação áreas da Amazônia e da Mata Atlântica.
De acordo com Miguel Milano, os maiores problemas enfrentados no país são a falta de empenho dos governos para ampliar as áreas de conservação integral e de pessoal para proteger e fiscalizar as áreas já criadas. As regiões Nordeste e Sul também têm as menores proporções territoriais dessas áreas. No Centro-Oeste as unidades de conservação também são constantemente pressionadas por atividades econômicas, como a agricultura, pecuária intensiva e outros usos econômicos.