Estatísticas mundiais mostram que uma em cada dez mulheres desenvolve câncer de mama. A constatação é ainda mais grave no Brasil, onde a maioria dos casos é detectada apenas quando a doença já está no estágio de metástase, alcançando órgãos vizinhos. Nessa fase, apenas 70% dos casos têm chances de sobreviver por mais cinco anos. Diante de números como esses, a Secretaria Estadual de Saúde, ginecologistas, patologistas e enfermeiros estão estudando estratégias para implantar, a partir do próximo ano, um Programa de Detecção Precoce do Câncer de Mama em toda a rede pública do Paraná.
Desde 1997 existe projeto semelhante para a prevenção do câncer de colo uterino. Em três anos, foram realizados 1,2 milhão de exames preventivos de Papanicolau (com material coletado do útero). Com isso, o índice de cobertura populacional com exames precoces praticamente dobrou no período, passando de 45% para 85% das mulheres do Estado. Deste total, 26.066 apresentaram alterações, sendo 20.818 classificadas como lesões de baixo grau, 4.660 lesões de alto grau e 588 carcinoma invasor, ou seja, o câncer propriamente dito. "As lesões de baixo e alto grau têm 100% de cura. Através do Programa conseguimos que 24 mil mulheres que apresentaram esse tipo de lesão não evoluíssem para o quadro de câncer", afirmou o médico ginecologista Edvin Javier Jimenez, um dos coordenadores do Programa no Estado, durante o 3º Encontro Paranaense de Prevenção e Controle do Câncer Ginecológico, que terminou ontem em Curitiba.
Segundo a médica especialista em diagnóstico e prevenção de câncer de mama Helenice Gobbi, da Universidade Federal de Minas Gerais, a primeira iniciativa é educar a população para que realize periodicamente o auto-exame das mamas e investir na realização de mamografias (espécie de raio-x da mama), exame recomendado a partir dos 40 anos.
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"Em países desenvolvidos, onde foram implantados programas de rastreamento populacional, aumentou a detecção do câncer em estágio inicial, que tem muito mais possibilidade de cura", diz. No Brasil, segundo ela, a maior parte dos casos é percebida pela própria mulher, normalmente quando o nódulo já é perceptível na apalpação, com tamanho variando entre 1 a 2 centímetros.