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Cartões Saúde viram brinquedo de criança

Dimitri do Valle - Folha do Paraná
14 dez 2000 às 11:02

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Unidades do Cartão Saúde, projeto da Prefeitura de Curitiba, foram encontradas com moradores do Jardim Belisário, no município de Almirante Tamandaré, na região metropolitana. Ele é usado para acessar o prontuário de pacientes cadastrados nos computadores do Sistema Único de Saúde (SUS) da Capital. Moradores do bairro disseram que o material é sobra de uma quantidade maior de cartões incinerados há mais de um mês no forno de uma usina de calcário, às margens do quilômetro 18 da Rodovia dos Minérios.

O forno é o mesmo usado para destruir drogas apreendidas pela polícia e na eliminação de lixo hospitalar. Crianças residentes no Jardim Belisário aproveitaram para transformar os cartões em brinquedo. Um garoto, que não quis se identificar, exibiu uma coleção com cerca de 60 cartões. Ele disse que usa o material para trocar na escola por outros objetos. Indignados com o aparente desperdício de propriedade pública, moradores procuraram o Sindicato dos Servidores da Rede Estadual de Saúde (Sindisaúde) para denunciar o caso.

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"É preciso que a prefeitura instale uma sindicância para apurar quem mandou estes cartões para a incineração", disse a diretora do Sindisaúde, Dori Tucunduva. A dirigente defendeu ainda que a investigação precisa apurar se houve mesmo desperdício de dinheiro público com os cartões que não chegaram às mãos da população. As unidades encontradas no Jardim Belisário não tinham o nome dos titulares, o que levanta a suspeita de que eles nunca foram usados.

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O assessor do setor de informática da Secretaria Municipal de Saúde, Alexandre Margarida, afirmou que os cartões localizados em Almirante Tamandaré não pertencem à Prefeitura de Curitiba. Ele disse que o material incinerado pode ter saído de estoques antigos da empresa Cardtech, de Pinhais, responsável pela produção dos cartões, quando a prefeitura decidiu mudar o layout. O nome do paciente, que aparecia no verso, passou a ser gravado, em novos lotes, na parte frontal do cartão.

Alexandre relatou que a prefeitura não recebeu cartões sem a impressão do nome do paciente titular. Das 780 mil unidades que ele estima terem sido distribuídas à população, cerca de 93 mil são da versão antiga. O sistema entrou em operação em fevereiro do ano passado e foi um dos carros-chefes da campanha de reeleição do prefeito Cássio Taniguchi (PFL).


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