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Chácara dá nova vida a meninos de rua

Katia Michelle - Folha do Paraná
29 jul 2001 às 17:31

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O local abriga atualmente 38 meninos de rua - José Suassuna - Folha do Paraná
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O relógio ainda não aponta seis horas na Chácara Padre Eduardo Michelis, em Mandirituba, a 40 quilômetros de Curitiba, e já é possível escutar os primeiros burburinhos de crianças acordando. São os garotos de Quatro Pinheiros, ex-meninos de rua que trocaram a vida entre carros e marquises, por um projeto inédito no Paraná. Trata-se de um programa desenvolvido pelo ex-frei Fernando de Góis, que além de dar casa, alimentação e educação a meninos que antes viviam nas ruas, tem o objetivo de devolver dignidade a eles.

O local, conhecido como Chácara dos Meninos de Quatro Pinheiros, abriga atualmente 38 meninos -de 9 a 17 anos- que viviam em condições de risco. Funciona há sete anos e já é referência no Brasil e em outros países. Foi tema de tese de doutorado, na Espanha, e vai integrar o banco de dados da Unesco, um relatório técnico que revela trabalhos inovadores com jovens em situação de exclusão social e pobreza. A classificação surgiu de uma pesquisa feita pelo órgão em 23 estados brasileiros.

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O projeto da chácara não aconteceu por acaso, foi sugerido pelos próprios meninos quando eles ainda viviam nas ruas de Curitiba e eram abordados pela equipe de Góis, na década de 80. A abordagem era feita por um grupo de voluntários que, de alguma forma, estavam envolvidos com o trabalho realizado na Vila Lindóia, bairro da periferia da cidade. A região foi escolhida pelo ex-frei, formado em filosofia e com especialização em psicopedagogia, porque dava possibilidade de aproximação à realidade social dos meninos.

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E foi na favela, na Vila Lindóia, que o projeto começou a dar os primeiros passos rumo à uma proposta pedagógica contundente. A casa era uma espécie de QG (quartel general) que abrigava os meninos durante o dia e oferecia diversos cursos, além de uma programação de lazer diversificada como alternativa para quem não podia ficar coma família. "As vezes a mãe troca o filho por um companheiro e a situação em casa fica insustentável", exemplifica Góis.

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Os meninos, ora nas ruas ora fazendo parte das atividades oferecidas na casa, faziam parte de grupos de discussões que apontavam soluções que poderiam tirá-los das ruas e do envolvimento com as drogas, principal problema enfrentado por eles. Sugeriram uma chácara porque os deixava longe desses problemas e também porque resgatava a história de vida da maioria deles, já que a a maior parte veio do Interior com a família para "tentar a vida" na cidade e encontraram uma realidade bastante cruel.


Os recursos para a aquisição do terreno foram adquiridos por meio das freiras da Divina Providência, ordem religiosa que foi buscar na Alemanha a verba necessária. Já a construção das casas -hoje são quatro, além dos locais onde são ministradas as oficinas- foi possível com a doação da comunidade e de empresários, utilizando mão-de-obra voluntária e com a participação dos próprios meninos.


No início eram 12 crianças, mas agora já há vagas para 40. Um dos diferenciais do projeto, é que os meninos só ficam na chácara se quiserem. "Nada é imposto", salienta Góis. No início, a evasão era grande, principalmente porque os novos meninos não conseguiam ficar longe das drogas.

Atualmente, o local oferece tantas opções que os garotos nem pensam em sair. Programam, inclusive, novas abordagens para preencher as duas vagas restantes. Convênios com a prefeitura e governo, associação suíça Amigos das Crianças das Ruas do Brasil e doações garantem a manutenção da chácara.


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