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Cia Senhas conjuga o verbo 'devorar'

Katia Michelle - Folha do Paraná
12 set 2001 às 11:41

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Devorar e ser devorado. Conjugar o verbo devorar. Encenar o verbo devorar. Devorar? Resumido em algum minidicionário, devorar significa engolir de uma só vez; comer avidamente; destruir; dissipar; atormentar; consumir. Palavras que a Cia Senhas de Teatro resolveu, num impulso de neologismo, condensar em uma: "Devorateme". E levar a expressão ao palco na peça homômima. O espetáculo, dirigido por Sueli Araújo, estréia amanhã no Teatro José Maria Santos, em Curitiba, depois de quatro meses de pesquisa e laboratório cênico.
Para concluir "Devorateme", o grupo buscou na realidade social do Brasil subsídios para costurar o enredo. Nada cronológico, frisa-se. Trata-se de um universo comum a qualquer ser humano, levado ao palco por meio de uma estética bastante peculiar. "Os textos foram criados a partir das improvisações", revela a diretora. Nesse caso, a observação foi peça chave para delinear o espetáculo. Os atores se basearam em entrevistas, noticiários e documentários para escolha dos temas e não se fixam em personagens únicos para contar uma história. "Todos são um, são brasileiros", enfatiza Sueli.
O desafio, segundo a diretora, foi levar ao palco o máximo de percepções que o grupo acolheu. "Tivemos como norte as questões sociais, mas longe de abordar um universo panfletário". Olga Nenevê, Ana Rosa Tezza e Eduardo Giacominni interpretam, de uma família de retirantes a devotos que participam de um culto. Eles se transformam de um personagem a outro com naturalidade, sem divisas. São crianças, velhos, vendedores, prostitutas. São seres humanos, como salienta Sueli Araújo.
Com "Devorateme", o grupo curitibano quer mostrar - através da arte - o que fica invisível ao olhos. Pretende retirar a venda que a falta de tempo ou mesmo de percepção coloca nas pessoas e dialogar com o cotidiano brasileiro. Para isso, a diretora optou pela ausência de cenário e a valorização do trabalho de ator. O espetáculo é ilustrado por uma sonoplastia executada ao vivo pelo músicos Paulo Demarchi e Berchond Dias. As músicas foram criadas para as cenas, baseada no movimento dos atores e utiliza basicamente a percussão.
O figurino de Eduardo Giacominni optou pela simplicidade. São peças significativas, confeccionadas com panos rústicos e que dá unidade ao elenco. Essa integração entre os elementos cênicos do espetáculo faz parte da pesquisa da Cia Senhas de Teatro. O grupo começou a desenhar uma estética própria há dois anos, quando estreou "Alencar", um espetáculo belo e cuidadoso e que abocanhou prêmios em diversos festivais do Brasil.
Em "Alencar", assim como em "Devorateme", pode-se perceber a busca por uma expressão corporal expressiva dentro do contexto cênico, que se desenha no trabalho da Cia Senhas de Teatro. Os dois trabalhos foram acompanhados pela coreógrafa Titi, uma das boas surpresas do cenário teatral da cidade. O espetáculo estréia amanhã e pode ser visto até o dia 30 de setembro.
Devorateme, texto e direção de Sueli Araújo. Estréia amanhã, às 21 horas, no Teatro José Maria Santos (Rua Treze de Maio, 655). De quinta a sábado, às 21 horas e domingo, às 19 horas. Ingressos a R$ 10,00 e R$ 5,00.
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