Movimentos de base da Igreja Católica, como as pastorais sociais, esperam que a 5ª Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e Caribenho marque uma virada de posicionamento da Igreja Católica latino-americana. A reunião é uma dos principais encontros políticos dos católicos na Amértica Latina. A expectativa é que as discussões do episcopado vão no mesmo caminho percorrido pelas conferências anteriores, de Medelin, realizada em 1968, e de Puebla, em 1979.
"No passado, nos encontros de Puebla e de Medelin, de Medelin principalmente, a Igreja discutiu temas mais fortemente relacionados aos pobres e a juventude. Foi dada uma atenção grande a eles. Depois disso, a Igreja caminhou para uma oficialidade, de caráter centro-européia, e não em direção ao Brasil e aos pobres", diz o padre Antonio Naves, pároco da Igreja de Santa Marina, em São Paulo, e membro da Comissão Pastoral da Terra.
Com o lema "Povo de Deus com Jesus Libertador rumo à Aparecida, vida plena para todas as criaturas", as pastorais vão realizar diversas atividades em Aparecida, que ocorrerão simultaneamente ao encontro dos bispos. Uma delas, a "Tenda dos Mártires", erguida próxima à basílica, será o local em que as comunidades de base vão discutir temas como meio-ambiente, a presença da mulher na Igreja e a relação do catolicismo com os pobres e os excluídos.
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"Vão as encruzilhadas e convidem todos para festa da vida", diz o padre Naves citando o evangelista Mateus. "Queremos que a conferência dos bispos utilize esse mesmo método, de caminhar no sentido dos pobres, dos sem-terra, dos deserdados da vida. Até agora não tem ocorrido isso. Espero que o Espírito Santo desça nos participantes da conferência e que eles possam refletir sobre os problemas reais do povo, que é a missão da Igreja número um, número dois e número três".
Em entrevista recente, o arcebispo de São Paulo e então secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Odilo Scherer, explicou que a Conferência de Aparecida irá debater o novo contexto em que se encontra a população da América Latina, especialmente em relação às mudanças culturais, religiosas e políticas.
"Temos que discutir o posicionamento da Igreja diante da situação de dependência e exclusão dos povos da América Latina, como ela está presente não só como instituição, mas como membros da Igreja, os católicos. Como ela está presente nesse processo de mudanças, de afirmações, da história dos povos da América Latina e do Caribe". (ABr)