As denúncias da Procuradoria da República de Foz do Iguaçu e acatadas pela Justiça Federal nesta semana, em que incluem 19 pessoas envolvidas em crime de evasão de divisas (entre laranjas, funcionários de bancos e proprietários de casas de câmbio), apontam o envolvimento de mais um gerente do Banestado.
O caso envolve a lavagem de mais R$ 11 milhões. Somado ao processo divulgado anteontem, as remessas ilegais de dinheiro ao exterior sobem para US$ 6,31 milhões (cerca de R$ 17,3 milhões).
Este foi o valor movimentado em apenas duas contas comuns mantidas no Banestado como "fachada", pelos donos da agência paraguaia Real Câmbio S.R.L. Além do esquema publicado nesta sexta pela Folha, envolvendo o mecânico e "laranja" Nelson Zang e o gerente Valderi Werle (totalizando US$ 2,31 milhões, cerca de R$ 6,3 milhões), os procuradores da República em Foz, Mark Torronteguy Weber e Jessé Ambrósio dos Santos Júnior, divulgaram a existência de uma nova conta em nome do técnico em alarmes Jair Lemanski, mantida no mesmo banco entre 9 de dezembro de 1996 e 6 de janeiro de 1997. "Sob os cuidados do gerente Alcenir Brandt, esta conta registrou a circulação de US$ 4 milhões (cerca de R$ 11 milhões)", explicou Weber.
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Segundo as investigações do MP, as contas de Lemanski e Zang serviriam de "hospedagem’ para dinheiro posteriormente enviado ao Paraguai via depósitos em contas CC5 da agência Real Câmbio, onde trabalhava Valdir Werle, irmão do gerente Valderi. A procuradoria identificou sete depositantes que mantinham as contas abertas no Banestado. Os valores eram repassados por meio de cheques depositados em uma conta CC5, mantida no Banco Araucária. A "lavagem" era concretizada com o dinheiro convertido em moeda estrangeira e repassado à outra CC5, aberta no Banco Integracion de Ciudad del Este.
Investigações comprovaram que todas as contas envolvidas no caso pertenciam apenas à empresa Real Câmbio, que mantinha Zang, Lemanski e outros três funcionários como "titulares de fachada". A Folha tentou encontrar o ex-presidente do Banco Araucária, Alberto Dalcanale Neto, residente em Curitiba, mas não conseguiu contato. A assessoria do Itaú, banco que assumiu as agências do Banestado no ano passado, divulgou nota dizendo que a diretoria não vai se manifestar sobre o caso porque as possíveis irregularidades teriam ocorrido antes da atual administração.
O processo está agora nas mãos do juiz Federal da 1ª Vara Criminal de Foz, Edilberto Barbosa Clementino, que já agendou depoimentos até setembro do ano que vem. O primeiro interrogatório será realizado dentro de dez dias. Paralelo ao processo, a procuradoria continua investigando cerca de 3 mil pessoas de todo o País, envolvidas em remessa de dinheiro ilegal ao exterior via Foz do Iguaçu. Segundo os representantes do Ministério Público Federal, a evasão de divisas ultrapassou os US$ 4 bilhões (cerca de R$ 11 bilhões) em cinco anos, somente na fronteira Brasil-Paraguai. Pelos menos 300 inquéritos foram instaurados. Até o final do ano que vem, os procuradores da República esperam totalizar mil inquéritos.