Ainda não existem dados conclusivos sobre a contaminação por chumbo em Adrianópolis, mas os primeiros exames mostram que os riscos de contaminação podem estar restritos à comunidade de Vila Mota, onde funcionava a metalúrgica Plumbum do Brasil. A metalúrgica explorava chumbo, zinco, ouro e prata na região e funcionou entre 1953 e 1996.
A análise da contaminação por chumbo está sendo feita por uma comissão de médicos e geólogos da Unicamp. Eles fazem um levantamento sobre contaminação ambiental e humana por chumbo em todo o vale do Ribeira.
Nesta quarta-feira, o professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Eduardo Capitani, que coordena as pesquisas, depôs na Comissão de Ecologia e Meio Ambiente da Assembléia Legislativa do Paraná. A comissão investiga a possibilidade de intoxicação por chumbo na população do município de Adrianópolis (130 km ao norte de Curitiba).
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"Ainda temos dados parciais, mas até agora não encontramos criança com risco de intoxicação clínica, que merecessem atenção médica especial", disse aos deputados. Entre os adultos, o índice médio de chumbo no sangue também ficou próximo ao considerado normal para uma área que já foi de mineração.
Pela metodologia utilizada na pesquisa da Unicamp, até 10 microgramas de chumbo por decilitro de sangue é considerado um índice seguro. Se o número ficar entre 10 e 20 microgramas por decilitro de sangue, ele está acima da faixa de segurança, mas ainda não requer atendimento médico. Os riscos de intoxicação, com necessidade de tratamento clínico, começam a aparecer quando o chumbo no sangue passa dos 45 microgramas por decilitro.
Nas 95 crianças pesquisadas na Vila Mota, o índice médio de chumbo no sangue ficou em 11,8 microgramas por decigrama. Do total da amostragem, 44% ficou abaixo de 10 microgramas de chumbo e 56% acima do limite de segurança. Desses, 12% tinham mais de 20 microgramas de chumbo por decigrama de sangue. "Na grande maioria desses casos, são crianças cujos pais trabalharam na Plumbum", conta. Nenhuma criança pesquisada ultrapassou os 40 microgramas.
Esses resultados parciais mostram que uma contaminação residual por chumbo estaria restrita à localidade de Vila Mota e não em todo o município, como temiam as autoridades locais. Apesar da confirmação de contaminação entre essas pessoas, não houve registro de casos com intoxicação por chumbo na região. Exames feitos pela Secretaria de Estado da Saúde poderão confirmar essa tendência. O município de Adrianópolis tem pouco mais de sete mil habitantes. Na vila Mota e imediações da siderúrgica Plumbum vivem cerca de 1,2 mil pessoas.
Leia mais em reportagem de Emerson Cervi, na Folha do Paraná/Folha de Londrina desta quinta-feira