Técnicos, pesquisadores e cientistas começam a elaborar hoje laudos que possam mostrar as reais condições dos dez presos que convivem dentro de um contêiner-prisão na Delegacia de Fazenda Rio Grande, Região Metropolitana de Curitiba. A idéia surgiu após uma reunião realizada ontem, num dos auditórios do Tribunal de Justiça. O encontro foi patrocinado pela Coordenadoria de Recursos Criminais do Ministério Público e contou com a presença de representantes de conselhos regionais de Serviço Social, Fisioterapia, Nutrição, Medicina, Psicologia, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) e Universidade Tuiuti.
De acordo com a promotora Mônica Louise Azevedo, a intenção é unir os trabalhos jurídicos e científicos para exigir do Estado providências no sentido de garantir melhores condições para os presos. ‘Temos muitas preocupações com relação ao contêiner. Não sabemos de que material as chapas são feitas. Não sabemos se o contato diário com o metal pode causar prejuízos à saúde. A prisão tem custo baixo e é inviolável para fugas. Mas temos que nos preocupar para garantir que elas não se transformem em campos de concentração nazista’, destacou a promotora.
A psicóloga do Ministério Público, Noeli Kuhl Svoboda Bessa, visitou a prisão-contêiner e encaminhou um relatório detalhado para cada um dos participantes da reunião. Ela destacou que a prisão tem nove metros quadrados, não possui pára-raios e os presos são alimentados uma vez por dia. ‘O que eu vi foi algo assustador. Tive a clara idéia de que estão fazendo pesquisas com seres humanos’, salientou. O ‘caixote de metal’ tem uma porta, mas não existem janelas para ventilação. ‘É tudo muito escuro. Senti um ambiente promíscuo, muito quente’, reforçou Noeli.
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Desde fevereiro, quando a prisão-contêiner foi entregue na delegacia por um grupo de empresários locais, houve apenas vacinação antigripe. Os presos não tiveram vacinas contra o tétano e nem são visitados por profissionais de saúde. Os detentos estão abrigados na prisão de duas semanas a dois meses e poderão permanecer por mais de um ano, dependendo de vaga no Sistema Penitenciário. ‘Imagine tanto tempo sem contato com a luz solar. Eles ficam confinados dentro da prisão’, lembrou a promotora.
Uma nova reunião ficou marcada para daqui a 15 dias. Os técnicos irão levar ao Ministério Público os primeiros pareceres sobre a prisão.