A Companhia Paranaense de Energia (Copel) divulgou, nesta terça-feira, o balanço referente ao ano de 2002.
A notícia de que a empresa fechou o período último dos 8 anos do governo de Jaime Lerner (PFL) com um prejuízo líquido de R$ 320 milhões teve efeito imediato sobre os papéis da empresa, que fecharam ontem em queda de 5,17%.
Em 2001, a empresa havia lucrado R$ 475,3 milhões.
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Segundo os próprios diretores da empresa e analistas de mercado ouvidos pela Folha, a desvalorização cambial foi o grande problema enfrentado pela Copel.
Essa desvalorização atingiu a empresa de duas maneiras. Primeiro, no seu endividamento em moeda estrangeira, que corresponde à metade da dívida total de R$ 2,2 bilhões.
E segundo, nos contratos de energia para revenda com preços referenciados ao dólar. No total, R$ 925 milhões, sendo R$ 500 milhões da UEG Araucária mais a Cien, e R$ 425 milhões de Itaipu.
Segundo o diretor de Finanças da Copel, Ronald Ravedutti, o endividamento da Copel pode ser considerado baixo em relação ao tamanho do seu patrimônio líquido, que é de R$ 4,7 bilhões.
''Ainda assim, estamos estudando formas e mecanismos para reduzir nossa exposição às variações do câmbio'', informou o diretor sem revelar quais seriam estas alternativas.
Para o analista Mohamad Talah Júnior, a dívida da Copel, comparada ao seu patrimônio, está dentro de níveis aceitáveis.
''O mercado esperava um resultado melhor, mas a Copel não está em risco, porque este é o primeiro balanço negativo nos últimos anos'', considera.
Talah disse ainda que a Copel poderia diferir as perdas cambiais conforme o seu vencimento. ''Essa era uma opção autorizada.
Mas eles preferiram reconhecer todas as dívidas de uma vez só. É uma medida boa porque deixa a administração anterior zerada'', diz o analista.
Como o principal problema foi a variação cambial, e nos últimos dias o dólar está em constante queda, Talah acredita que o balanço da Copel referente ao primeiro trimestre desse ano deve ser bastante positivo.
Além da variação cambial, a diretoria da Copel alega que os contratos para compra de energia, principalmente os da UEG Araucária e da argentina Cien, ambos com cláusula ''take or pay'', e com preços indexados ao dólar, também contribuíram para o resultado negativo.
''Bastaria que esses dois contratos não existissem e a Copel teria encerrado o ano com lucro, mesmo com toda a desvalorização do real e os efeitos dos outros problemas'', argumenta o presidente, Paulo Pimentel.
Somados, os dois contratos foram responsáveis por uma despesa de meio milhão de reais.
O balanço revela ainda que, operacionalmente, a empresa apurou lucro ao final do exercício de R$ 315,4 milhões. ''Ou seja, a empresa em si é superavitária'', traduz Ravedutti.
O crescimento do consumo de eletricidade cresceu 2,8% em 2002. No setor industrial, o crescimento foi de 4,1% e no comércio, de 3,3%.
O balanço mostra ainda que no ano que passou a empresa fez investimentos de R$ 400 milhões.
Quase metade do total (R$ 190 milhões) foi destinado a obras de expansão, melhorias e manutenção do sistema de distribuição, que serve diretamente às mais de 3 milhões de ligações elétricas atendidas diretamente pela empresa.