Na pequena casa de quarto e sala/cozinha, onde moram sete pessoas, das quais três são adultos, na localidade conhecida como Cachoeira dos Mendes (zona rural de Turvo), dona Maria Rita Mendes Americano faz questão de afirmar que há preocupação em alimentar bem as crianças. Mas não esconde que, na falta do leite, ‘engana-se’ a fome com mamadeira de água com açúcar. ‘Eu sei que a garapa não alimenta, mas a gente não pode fazer nada, quando acaba o leite’, diz, referindo-se aos netos José Carlos, de oito meses, e Camila, que tem quatro meses de idade. Os dois estão com peso abaixo do normal: José Carlos, com seis quilos, deveria ter 7,5 quilos para escapar da faixa de risco. Camila, com 4,5 quilos, está com 1,5 quilo a menos do que seria o peso normal para a sua faixa etária.
José Carlos é filho de Ivone Americano, que tem 22 anos e está separada do marido. E tem mais uma filha que completa quatro anos em maio. Ela justifica o pouco peso do filho pelo parto prematuro de sete meses.
Camila é filha de Ivete Americano, de 16 anos de idade, que mora em um rancho próximo à casa de dona Maria Rita. O seu companheiro, Sebastião Correia de Lima, arrumou serviço fora de Turvo e só visita a família uma vez por mês. Ao ser indagada sobre a causa da desnutrição da filha, ela cora e esconde o rosto: por ter desconfiado de que estava grávida de novo, decidiu suspender a amamentação do nenê. Quando percebeu o equívoco, o leite já havia secado. Mas ainda tenta se justificar: ‘O meu leite era fraco, parecia água’. O avô materno Osório Mendes Americano, de 77 anos, que estava prestando atenção na conversa, corrige a neta: ‘Mas era leite e era bom para a criança.’
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Dona Maria Rita diz que o leite em pó para as crianças é adquirido junto com a compra do mês. ‘Eu me preocupo para que não falte o leite para as crianças, para que elas se recuperem logo’, diz, adiantando que tem recebido a multimistura - tipo de farinha obtida do processamento de vários ingredientes vegetais, altamente nutritiva - que é adicionada ao leite consumido pelos bebês. ‘Inclusive a mãe (Ivete) tem usado, porque ajudar a aumentar o leite’, diz.
A casa de dona Maria Rita fica em um terreno de 12 mil metros quadrados, onde cria galinhas. Ao contrário de anos anterios, ela não plantou, desta vez, milho e mandioca que servem de alimentos para os animais e também enriquece o cardápio da casa. Também diz que está parada porque não tem trabalho no momento. ‘Mas eu pego o que aparecer, de capina de roça a colheita de milho. Atualmente, apenas um filho está trabalhando. Mas dona Maria Rita garante que não falta comida. ‘Pelo menos o arroz e o feijão, que a gente compra ou ganha.’. Ela revela seu grande sonho: ‘Melhorar a vida dos filhos e dos netos’.