Professores e agentes penitenciários denunciaram ontem a demissão de educadores do Sistema Penitenciário do Paraná. De acordo com os dados apresentados pela professora Idelzita Cardoso dos Santos, 45 dos 59 professores foram dispensados de seus trabalhos nas oito unidades penitenciárias de Curitiba e região metropolitana. Eles teriam que lecionar para 1,3 mil alunos já matriculados no sistema.
Os presos têm o benefício de remissão de pena de um dia para cada três dias de estudo ou trabalho. "O trabalho e a educação garantem a disciplina, a satisfação dos presos e a remissão de pena. E colaboram para a ressocialização do preso", analisou Sandra Márcia Duarte, presidente do Sindicato dos Servidores do Sistema Penitenciário do Paraná. Ela acredita que o corte de aulas poderá incentivar uma nova rebelião nas unidades penitenciárias.
O professor Acir França foi um dos dispensados. Ele trabalhava há dez anos no Sistema Penitenciário como professor de educação física. "Fui refém na última rebelião, arrisquei minha vida. Agora volto para as salas de aula tendo que enfrentar uma rotina diferente do que eu estava acostumado. Não podemos esquecer que estamos lidando com vidas", afirmou.
Leia mais:
Sesa reforça gratuidade dos serviços ofertados pelo SUS
Prefeitura de Cambé abre PSS para contratação de agentes de combate às endemias
BR-376 é bloqueada após deslizamento de terra em Nova Esperança
Detran disponibiliza página de estatísticas para consultas sobre veículos
O presidente da Associação dos Professores do Paraná (APP-Sindicato), Romeu Gomes de Miranda, distribuiu uma nota pública para a imprensa lamentando as demissões no Sistema Penitenciário. "É um absurdo decidir isto de uma hora para outra e intimar os professores para procurar outras salas de aula para lecionarem", defendeu. O deputado Algaci Tulio (PTB), integrante da comissão, disse que o corte de aulas pode transformar a situação penitenciária num "barril de pólvora".
A secretária de Estado de Educação, Alcyone Saliba, disse que resolveu cortar os professores do sistema por causa dos resultados obtidos. De acordo com ela, 36% dos alunos começaram e não terminaraM os estudos. Menos de 0,5% teriam conseguido diploma do supletivo. "Este baixo resultado é inaceitável", declarou ela. Ela sugeriu a colocação de televisores nas unidades penais para cursos à distância. Proposta recusada pelos professores. "Acreditar que a televisão pode suprir o papel do professor é desacreditar no processo educacional", afirmou Sandra.
Alcyone Saliba sugeriu que os professores do Sistema Penitenciário estivessem apenas pensando em defender suas causas pessoais, já que eles recebem entre 100% e 120% de adicional por trabalhar em penitenciárias. Mesmo assim, ela admitiu rever seu posicionamento e marcou uma nova reunião com a Comissão de Educação da Assembléia Legislativa para o próxima segunda-feira.