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De bar a ONG

Simone Mattos - Folha do Paraná
30 abr 2001 às 08:43

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Se tudo der certo, dentro de três meses o bar Era Só o Que Faltava poderá sediar uma fundação de fomento à cultura. Inaugurado há menos de um ano e apresentando diariamente atrações nacionais e locais de peso, o espaço deverá agora abrigar uma Organização Não Governamental (ONG) para garantir a continuidade da agenda.

Trazer para Curitiba nomes como Jards Macalé, Demônios da Garoa, Cida Moreira, Angela Rorô, Lobão, Nelson Ângelo, Maurício Carrilho, Mônica Salmaso, Arismar do Espírito Santo, José Miguel Wisnik e Skowa, como tem feito o Era Só o Que Faltava, não dá retorno financeiro para o bar, segundo explica o proprietário Odilon Merlin.

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"Agora em maio, por exemplo, eu estarei pagando para o Karnak se apresentar aqui", conta. Isto é o que ele chama de "prejuízo calculado". Merlin diz ainda que é um absurdo que o Karnak nunca tenha se apresentado em Curitiba e que, por este motivo, bancará o show.

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Devido a esta realidade surgiu o projeto de criar a ONG, por enquanto em fase de formatação. Funcionando de forma independente do bar, a instituição sem fins lucrativos captaria recursos junto a patrocinadores, através da Lei Rouanet, para manter os eventos culturais da casa. "Teríamos então a garantia de poder trazer shows de qualidade durante todo o ano, sem encarecer o custo dos ingressos", explica.

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Inaugurado em julho do ano passado, o Era Só o que Faltava tem um auditório com palco e capacidade para abrigar de 80 a 250 pessoas. "É bem diferente de um boteco com música ao vivo", avisa ele. Tanto que o espaço sediou a programação alternativa da Oficina de Música Popular Brasileira e do Festival de Teatro de Curitiba, entre outros.


Desde que abriu, há nove meses, o bar vem preenchendo uma lacuna que havia na cidade em relação a MPB. "Com apenas 1/3 do tamanho do Aeroanta (extinta casa de shows que funcionou em Curitiba no início dos anos 90), viemos substitui-lo", diz.

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Além da imensa grade de atrações nacionais, que aliás já está completa até o mês de julho, o bar acabou revelando também a sua vocação para servir de palco aos artistas locais. "É surpreendente o quanto Curitiba não tem espaço para mostrar o trabalho destas pessoas", critica Merlin.


Para sedimentar a parceria da casa com os músicos da cidade, terá início nesta sexta-feira (4/5) um interessante projeto chammado "Conexão, Informação, Integração". Durante sete noites, 14 bandas curitibanas se apresentarão no palco do Era Só o Que Faltava. No cronograma estão grupos como Trio Quintina, Vadeco e os Astronautas e Regra 4.

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O resultado da maratona musical será a gravação de um CD coletânea independente, com uma faixa destinada a cada banda. O lançamento está previsto para junho. "É preciso mostrar o que está sendo feito, há muita gente boa produzindo nessa cidade", comenta. A expectativa do projeto é reeducar o público para consumir mais a cultura local.


Outro incentivo do bar aos artistas da cidade foi a abertura, há 15 dias, de uma loja cultural, dentro do próprio espaço, com funcionamento diário das 18 às 2 horas. No local são comercializados objetos feitos por artesãos locais, como as criações da Família Horn, as bijuterias em cerâmica da Colares de Frida, as luminárias da Tamanduarte, os acessórios de couro da Agenda Arte e outros.

Em maio, já está confirmado que o palco do Era Só o Que Faltava receberá os artistas Paula Leal, Cláudio Zolli, Karnak e Maurício Pereira. É possível ainda que no dia 29 haja uma apresentação de André Abujamra e de Maurício Pereira juntos, fazendo um revival histórico do extinto Os Mulheres Negras.


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