As armas utilizadas pelos policiais militares do Grupo Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gerco), órgão ligado à Promotoria de Investigações Criminais (PIC), foram entregues para perícia no Instituto de Criminalística do Paraná. Cinco policiais do Serviço Reservado (P-2) da Polícia Militar foram citados no relatório número 1.236/2001 do 3º Distrito Policial de Curitiba, suspeitos de terem executado o atentado a tiros ocorrido no dia 24 de abril deste ano, no escritório do advogado criminalista Peter Amaro de Sousa. O advogado defende policiais militares que denunciaram o envolvimento do governo em escutas clandestinas ilegais.
O relatório, assinado pelo investigador Aleardo Righetto, traz informações que teriam sido repassadas por um policial militar lotado no Serviço Reservado. Ele contou que um carro Gol de cor branca, de propriedade do major Constantino Hristof, teria sido usado no suposto atentado. O major está lotado na Casa Militar e seria homem de confiança do coronel Luis Antonio Vieira, secretário-chefe da Casa Militar e acusado de omissão no caso das escutas telefônicas clandestinas instaladas em órgãos públicos.
O major teria contratado o tenente Elias Ariel de Souza, comandante do Gerco, para selecionar quatro homens de sua confiança e realizar o serviço. Teriam sido selecionados o cabo João Luis Szcezepanski (afastado do grupo recentemente por suspeita de participação no atentado à PIC), soldado Jorge Luiz Barbosa, soldado Edison Luiz Baura e soldado Cícero Marcos Samways dos Santos. Os disparos teriam sido feitos por Barbosa e Samways com pistolas 9 milímetros descritas no relatório.
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Com base nas denúncias, o então delegado responsável pelas investigações, Gerson Machado, convocou os militares para um depoimento que deveria ter ocorrido nesta terça-feira. No entanto, o delegado-geral Leonyl Ribeiro pediu os autos e enviou para o Centro de Operações Policiais Especiais (Cope). Machado não quis dar entrevistas, apenas disse que tudo o que podia fazer para esclarecimento dos fatos foi feito. "Era uma investigação muito complexa. O que tinha que fazer, fiz", afirmou o delegado, que foi afastado do inquérito.
O novo delegado responsável pelas investigações é Luiz Alberto Cartaxo de Moura, titular do Cope. Ele não descarta a possibilidade de participação de militares no caso. "As características do atentado são preocupantes. Vamos trabalhar com cuidado e eficiência", prometeu.
O tenente Elias Ariel de Souza, citado no relatório, ficou indignado com as investigações realizadas pelo 3º Distrito Policial. No entanto, ele resolveu apresentar as armas espontaneamente para perícia. "Vamos fazer isto de imediato. Vamos recolher as armas e levar para o confronto balístico. Não temos nada a dever. Agora é uma questão mais de efeito moral do que qualquer outra coisa", declarou.