A Controladoria Regional de Trânsito (CRT), órgão ligado ao Departamento de Trânsito do Paraná (Detran), abriu procedimento administrativo para investigar uma série de denúncias contra a Circunscrição Regional de Trânsito (Ciretran) e contra algumas auto-escolas de Assaí (36 Km a leste de Londrina). Elas são acusadas de fazer parte de um esquema que facilita a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
O chefe da CRT, Gustavo da Silva Oliveira, confirmou que foram recebidas algumas denúncias de pessoas que pagaram para obter suas carteiras em Assaí, sem a necessidade de realizarem o teste prático.
Entretanto, ele acrescentou que não poderia apresentar maiores informações, pois isso poderia atrapalhar a continuidade das investigações. ''Por enquanto, não podemos dizer mais nada'', frisou.
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Uma das pessoas que pagou e não recebeu sua carteira é a dona-de-casa de Londrina, Maria Cleantes de Andrade. Ela conta que após reprovar duas vezes no exame feito na Ciretran de Londrina, decidiu buscar uma forma ''mais fácil'' de obter o documento.
Decidiu então pedir ajuda a um amigo, que lhe indicou uma pessoa chamada Jorge. ''Ele me disse que em Assaí eu poderia pegar minha carteira sem precisar fazer o teste'', afirmou.
Esta pessoa a levou até a auto-escola Assaí, mas seu proprietário Carlos Paes teria lhe dito que não poderia ''fazer o esquema'', pois a Ciretran local estava sob auditoria do Detran. Mas poderia encaminhá-la a seu irmão, Roberto Paes, diretor de uma auto-escola de Cornélio Procópio.
''Eu depositei R$ 800 na conta do Roberto que falou que era para o pessoal do Detran'', denunciou a dona-de-casa, que possui um comprovante desse depósito e fitas cassetes que comprovam a transação.
Logo após, o processo de Maria Cleantes foi transferido para o Ciretran de Cornélio Procópio. Pouco tempo depois, ela recebeu um documento para assinar onde estaria solicitando uma nova transferência do processo, dessa vez para Assaí.
Ela se recusou a assinar, pois alguns de seus dados estavam incorretos, entre eles o de sua residência. ''Moro há mais de 20 anos em Londrina, e no documento eles queriam que eu dissesse que morava em Assaí. Eu percebi que existia algo de errado'', observou.
Depois que percebeu que estava sendo enganada, a dona-de-casa decidiu oferecer uma denúncia no Ciretran de Londrina. Ela acredita que não receberá de volta o dinheiro que pagou pela carteira.
''Só não quero que outras pessoas sejam prejudicadas como eu'', declarou. Segundo a direção da Ciretran em Londrina, Maria Cleantes também poderá sofrer sanções penais por tentar ''comprar'' sua carteira.
Roberto Paes negou as acusações feitas por Maria Cleantes. Ele confirmou que foi procurado pela mulher e pelo tal Jorge, mas afirmou que não existe possibilidade de retirar a CNH sem realizar os exames teórico e prático.
Ele explicou que em cidades menores, como Assaí e Cornélio Procópio, é mais fácil obter o documento. ''Em Londrina é mais difícil. Mas isso não quer dizer que aqui tenha como comprar a carteira'', comentou.
Paes afirmou estar disposto a devolver o dinheiro para a dona-de-casa. ''Ela queria ter a carteira sem ter que vir até Assaí. Eu disse que não tinha como e ela ficou nervosa. Mas eu devolvo o dinheiro, é só ela vir aqui'', prometeu.