A dona de casa Maria de Lourdes Oliveira, 44 anos, foi a 96ª pessoa que morre à espera de leito em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), na região de Londrina, apenas em 2003. Ela morreu nesta quarta-feira, no Hospital São José, de Carlópolis (80 km ao sul de Jacarezinho), com sintomas de icterícia, também conhecida como amarelão, e dores na região do abdômen. Na tarde de hoje, um paciente de Rolândia (25 km a oeste de Londrina), estava na fila de espera da Central de Leitos.
O supervisor da Central de Leitos de Londrina, Édio Gomes Carvalho, explicou que Maria de Lourdes veio a óbito no momento que havia uma negociação para sua transferência com a Santa Casa e com o Instituto do Câncer de Londrina (ICL).
Apesar da UTI do Instituto do Câncer ser destinada a pacientes portadores da doença, estará atendendo a casos de extrema gravidade, por causa da determinação da Secretaria Municipal de Saúde para que usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) não fiquem sem atendimento hospitalar.
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Édio observou que o agravante no caso de Maria de Lourdes é que na região de Carlópolis não existe nenhum leito de UTI cadastrado ao SUS. O município mais próximo com leitos é Cornélio Procópio, onde existem apenas oito vagas na UTI para atender a população de 22 municípios pertencentes àquela regional. O próprio governo do Estado já reconheceu que a Regional de Jacarezinho, onde está inserida Carlópolis, é a mais deficitária do Paraná no setor.
Para amenizar os problemas da região de Jacarezinho, deverão ser colocados em funcionamento, até o final do mês, os sete leitos existentes desde 1994 na Santa Casa de Misericórdia. Os recursos, em torno de R$ 50 mil mensais, para manutenção dos leitos deverão vir de um convênio a ser assinado com o governo do Estado.
Enquanto isso, em Londrina, o Ministério Público (MP), em conjunto com o Conselho Municipal de Saúde, continua realizando o trabalho de diagnóstico da falta de leitos junto aos hospitais. Após as reuniões com os diretores, representantes do MP passaram a levantar dados específicos dos pacientes que estão ocupando os leitos nas UTIs. Esse trabalho tem o objetivo de identificar quantos leitos cadastrados ao SUS existem, realmente, na cidade.
A assistente social da Promotoria de Defesa da Saúde Pública, Maria Giselda de Lima, explicou que, após a conclusão do levantamento, o MP terá condições de apresentar propostas concretas. ''O Ministério Público tem interesse de que o problema seja resolvido com urgência'', afirmou.