O empresário Luiz Batista, dono da Olho Vivo, empresa que administrava os sorteios do Telebingão Milionário, afirmou que vai provar sua inocência e que está lutando para que as pessoas premiadas recebam os valores devidos. A declaração foi dada logo após ele prestar depoimento, durante mais de uma hora e meia, na 11ª Vara Criminal de Curitiba, onde responde processo por estelionato.
Pelo menos 15 pessoas deixaram de receber os prêmios nos dois últimos sorteios realizados pela Olho Vivo, em outubro e dezembro de 1999. Somando premiação e dívidas com fornecedores, impostos, pagamento de funcionários, o valor chega a cerca de R$ 1,4 milhão.
O advogado do empresário, Juarez Mowka, afirmou que pretende provar que, "em hipótese alguma, tentou lesar alguém." Mowka entende que a responsabilidade pelo pagamento dos prêmios é da Associação Banestado - entidade sem fins lucrativos que legalmente respondia pela realização dos sorteios -, mas não descarta que Batista também seja responsabilizado.
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Batista disse que nos dois últimos sorteios não se arrecadou dinheiro suficiente com a venda das cartelas e, por isso, os prêmios não foram pagos. Ele atribui o fracasso das vendas à campanha de difamação promovida pelo Banestado, que deixou de vender o Telebingão em suas agências, segundo ele, por intrigas políticas entre os presidentes do banco e da Associação.
O "inexplicável" cancelamento do contrato pelo Serviço de Loterias do Paraná (Serlopar), segundo Batista, em julho de 99, também contribuiu para o fracasso do bingo. A Associação Banestado rompeu o contrato com a Olho Vivo em 10 de novembro de 1999. A empresa poderia realizar apenas mais três sorteios.
O moto-boy Marcos Antônio Nunes de Andrade foi um dos premiados do Telebingão, no sorteio realizado no dia 24 de outubro de 1999. Ele teria direito a um carro (que foi entregue) e R$ 30 mil em barras de ouro. Andrade foi pago com um cheque sem fundos. Contando com o prêmio, Andrade assumiu uma dívida de R$ 28 mil, valor da casa que iria comprar. Ele já havia deixado sua moto como sinal do negócio. Teve que vender o carro para arcar com os compromissos que assumiu e a compra da casa própria teve que ser adiada.
O jardineiro Gumercindo Teodoro da Silva, que aguardava o final do depoimento de Luiz Batista, disse que seu prêmio de R$ 25 mil também foi pago com cheque sem fundo. Segundo ele, o empresário teria dito, por telefone, que entregaria o valor no dia seguinte, pessoalmente, em dinheiro. "Isso já faz mais de um ano e até agora nada."