Antes de solicitar a escavação em Nova Aurora, a Comissão de Direitos Humanos realizou uma busca preliminar, nos dias 18 e 19 de maio deste ano, na fazenda onde os restos dos corpos dos desaparecidos políticos podem estar enterrados. A análise, feita com um equipamento geofísico sueco, identificou um ponto com fortes indícios de ser a cova dos sete guerrilheiros remanescentes da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR).
O local suspeito foi localizado graças a um mapa feito pelo militar que procurou o jornalista Aluízio Ferreira Palmar depois de reportagem sobre o assunto publicada pela Folha em junho. De posse da carta, um geofísico, um engenheiro eletricista e um acadêmico de geologia, todos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), rastrearam o trigal a pedido do deputado federal Nilmário Miranda (PT-MG). O trabalho, acompanhado pela Folha com exclusividade, está sendo divulgado pela primeira vez na imprensa.
A representação gráfica, desenhada à mão pelo militar, indicava que os corpos teriam sido enterrados no eixo da pista de 900 metros de extensão, construída à direita da PR-239, mais precisamente no meio do percurso do prédio que abrigava a Escola Municipal Anita Garibaldi e uma árvore antiga, que tem ao seu lado uma linha de rede elétrica. Outra informação importante foi que a cova estava numa faixa de 12 metros contados a partir da margem da rodovia. O problema estava em avaliar se a estrada, na época, tinha o mesmo trajeto ou não.
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Com essa dúvida, Paulo Roberto Antunes Aranha, geofísico do Departamento de Geologia do Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), junto com o engenheiro eletricista e técnico do departamento, além do estudante de geologia Leonardo Moratos, rastrearam um espaço de 1,2 mil metros quadrados com um radar de penetração de solo. O "escaneamento", como definiu a equipe, durou dois dias.
O aparelho permite realizar varreduras em até quatro metros de profundidade, identificando possíveis pontos onde o solo possa ter sido remexido, além de apontar a existência de materiais sólidos como pedras, metais e ossadas humanas. As leituras captadas em Nova Aurora precisaram ser gravadas em um computador para ser analisadas em Minas Gerais com mais detalhes.
O resultado da varredura foi divulgado no mês passado e até então mantido em sigilo. Os geólogos acharam um ponto de cinco metros quadrados de terra removida e localizado a dois metros de profundidade. Para o geofísico Paulo Aranha, a dimensão e as características da área subterrânea tendem a confirmar a existência de uma cova. ‘Mas somente a escavação poderá revelar o motivo dos sinais captados’, disse à Folha, após a pesquisa realizada no Oeste.