O governo estadual tem obrigação de dar sua posição com relação ao impasse criado em torno da Estrada do Colono - que corta o Parque Nacional do Iguaçu - e o governo federal deve ouvir todas as partes interessadas, ou seja, a comunidade local, organizações ambientais e municípios envolvidos para definir as melhores alternativas para o problema.
É esta a opinião do geógrafo Wanderley Messias da Costa, professor da Universidade de São Paulo (USP) e diretor da Bioamazônia - organismo social de direito privado que presta serviços ao governo sobre o uso sustentável com produtividade do Amazonas.
Especialista em assuntos como a preservação do meio ambiente aliada à exploração econômica, Costa é um crítico da intervenção pura e simples do governo federal nos ambientes sem que haja um entendimento prévio com a comunidade. Como exemplo de situação bem sucedida ele cita a construção da BR-174, que liga Boa Vista a Caracas, na Venezuela.
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"Apesar da estrada passar no meio de reservas indígenas, ela foi contruída depois de uma série de discussões, que definiu cuidados básicos, como por exemplo, a proibição de parar no trajeto, de construção de hotéis e postos no caminho", diz. Para ele, iniciativas de preservação ambiental têm maiores chances de serem bem sucedidas com a participação da sociedade.
Costa esteve em Curitiba fazendo a conferência "Estratégias Territoriais da Biodiversidade Brasileira", de abertura da 14ª Semana do Geógrafo. Durante toda esta semana, profissionais de Geografia estarão participando de cinco palestras e mesas-redonda, que têm como finalidade central discutir temas capazes de definir as estratégias territoriais do Paraná para este século.
"Claro que uma floresta tem muito mais valor em pé do que derrubada. Mas, ao meu ver, o problema da escassez no Brasil é sua abundância", resume Costa, lembrando que justamente pelo grande número de florestas, recursos hídricos e solo, nunca houve preocupação em preservação.
"O Brasil é reconhecido mundialmente pela sua potencialidade hídrica e hoje está em crise energética. Tem potencial de solo, mas falta comida. Tem biodiversidade florestal para produzir fármacos, mas não patenteou um único medicamento", critica Costa.
Leia mais em reportagem de Maigue Gueths, na Folha do Paraná/Folha de Londrina desta terça-feira