O frei Eduardo Quirino de Oliveira não tem dúvidas: o Dia dos Mortos, lembrado hoje, tem mais relevância para os vivos. "Acho que os mortos não estão nem aí para o Dia de Finados. Se eles estiverem junto de Deus, já conquistaram a vida eterna", conclui. Oliveira, que também é teólogo da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), diz que a data significa um lembrete de que ninguém é eterno na Terra.
"Muitas pessoas se esquecem disso. O Dia de Finados é mais importante para para os vivos, que cultuam a memória dos antepassados e serve para lembrar que um dia estaremos lá", comenta. Frei Oliveira faz questão de frisar que, com suas considerações, não quer diminuir a importância do dia de hoje. "Qualquer religião que se preze tem o dever de prestar reverência aos mortos, que como pessoas de fé, também foram portadores de crenças e ideais."
Para o teólogo da PUC, é preciso refletir sobre a morte não como uma experiência negativa. "Quando Deus nos colhe, não é para estragar a Terra, mas para enfeitar a sua casa", observa Frei Oliveira. Um exemplo assim ocorre em cemitérios do México. Segundo o teólogo, as famílias transformam sepulturas em locais de festa. Os nativos acreditam que a comida e a bebida servem para "alimentar" as almas dos entes que já partiram.
Leia mais:
Com desconto ofertado de 26,60%, CCR arremata Lote 3 do pedágio do Paraná
Prêmio Queijos do Paraná está com inscrições abertas
Athletico começa a reformulação e demite técnico e diretores
Alep adiciona oito mil sugestões populares ao orçamento do Paraná
O antropólogo Carlos Alberto Balhana, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), relata que nem sempre foi assim. Em terras do Oriente, como Índia e China, o culto aos mortos sempre fez parte do cotidiano das famílias. O Ocidente, conforme Balhana, só passou a prestar atenção no tema neste século. Grande parte disso se deve à Idade Média, quando os teólogos daquele tempo não democratizavam o debate sobre o assunto. Balhana diz que hoje, a partir da introdução da morte na literatura, pintura e poesia na Europa durante o século 19, as nações ocidentais têm mais presença na discussão e culto sobre a morte.