Os acionistas da Araupel e o governo federal não chegaram a um acordo sobre a situação da área da empresa, ocupada por 1,5 mil famílias de sem-terra, no sábado passado. Os empresários se reuniram, nesta sexta-feira, em Porto Alegre (RS) com o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel.
Segundo o superintendente do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no Paraná, Celso Lisboa de Freitas, que falou com Cassel por telefone depois da reunião, o que houve de concreto foi a disposição do governo federal em adquirir parte da fazenda. A empresa, garantiu ele, também teria se disponibilizado a vender ''uma pequena porção'' de terras, mas não se chegou a um consenso sobre o tamanho, valores e localização da área.
Os sem-terra que invadiram o Núcleo Agrícola da Fazenda Araupel, em Quedas do Iguaçu (165 quilômetros a leste de Cascavel), aguardavam nesta sexta o fornecimento de lonas e alimentos para iniciarem a remoção do acampamento para outra parte da propriedade. O Incra do Paraná estava, hoje, intermediando a aquisição do material junto ao Ministério do Desenvolvimento Agrário. Lacerda estima que a reivindicação dos sem-terra seja atendida até meados da próxima semana.
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O deslocamento do acampamento foi acordado entre representantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e Maria de Oliveira, na quinta-feira .
No primeiro item do acordo, o MST exige a desapropriação ou aquisição pelo governo federal de todas as áreas agricultáveis da Fazenda Araupel para assentar as famílias acampadas. Os líderes do movimento exigiram, ainda, o fonecimento de óleo diesel, sementes e outros insumos agrícolas para que os acampados comecem o cultivo comunitário de alimentos e, também, a implantação de infra-estrutura de saúde, educação e energia elétrica.
Quanto à não aceitação pela direção da Araupel do acordo feito com os sem-terra, Maria de Oliveira afirmou que ''esta é uma negociação que tem que acontecer em várias etapas'' porque o clima é de muita tensão. ''Nesse momento, a preocupação é garantir funcionamento da empresa'', complementou.
Quando saiu da reunião com os representantes da Araupel, a ouvidora teve o carro cercado por funcionários da empresa, que pediam o cumprimento da reintegração de posse. Maria de Oliveria sugeriu que a administração de Quedas do Iguaçu é que estaria incitando a população contra os sem-terra acampados.
O procurador-geral do Estado, Sérgio Botto de Lacerda, que também participou da reunião com os diretores da Araupel foi vaiado pelos funcionários e teve que ser escoltado por policiais até o helicóptero que o levou até a fazenda.
Maria de Oliveira estava otimista em relação ao resultado da reunião dos acionistas da Araupel com o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel. ''Temos uma expectativa positiva de obter áreas da Giacometi (antigo nome da Araupel)'', declarou.
A ouvidora prometeu rapidez no processo de reforma agrária no Paraná no segundo semestre. Ela lembrou que, por meio do Decreto nº 433, do governo federal, há possibilidade de agilizar a compra de áreas. Maria de Oliveira está confiante de que, com diálogo, os fazendeiros paranaenses irão quebrar a resistência e oferecer terras ao governo.
O prefeito de Quedas do Iguaçu, Vitório Revers, não foi encontrado na prefeitura para comentar a declaração da ouvidora.