Cerca de 20 índios awá-guaranis ocuparam nesta terça-feira (3), durante algumas horas, uma propriedade rural de Guaíra, na fronteira com o Paraguai. A manifestação teve o intuito de exigir melhorias na Aldeia Tekohá Mirim, como o fornecimento de água e de energia elétrica, e a construção de uma escola em substituição à que foi derrubada por uma ventania no primeiro semestre deste ano.
Segundo a assessoria da prefeitura, a Tekohá Mirim é uma das oito aldeias existentes em Guaíra, onde antropólogos contratados pela Fundação Nacional do Índio (Funai) fazem estudos antropológicos para identificar e delimitar uma área que os awá-guaranis dizem ter pertencido aos seus antepassados. A criação da reserva é uma reivindicação dos índios.
Segundo o tenente Daniel Zambon, responsável pelo quartel da Polícia Militar na cidade, em alguns momentos o clima ficou tenso. Com a chegada de diversos produtores rurais, índios de outras aldeias se juntaram ao grupo que ocupava a fazenda. Representantes da prefeitura, do Ministério Público Federal (MPF) e da Funai foram ao local para mediar o conflito e negociar a desocupação da propriedade. De acordo com o tenente, nenhum ato de violência foi registrado.
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O secretário de administração da prefeitura, João Fernando Grecillo, acompanhou os representantes da prefeitura, do Ministério Público Federal e da Fundação Nacional do Índio (Funai) que negociaram a desocupação da propriedade. De acordo com ele, os índios deixaram o local após as autoridades se comprometerem a fazer, em breve, uma reunião para discutir o atendimento a algumas das reivindicações indígenas. A intenção da prefeitura é tentar fazer a reunião nesta quarta (4).
Há três meses, ao visitar a aldeia, procuradores da República, técnicos da Funai e um delegado da Polícia Federal (PF) constataram que cerca de 70 pessoas, ou 20 famílias, vivem na Aldeia Tekohá Mirim. As crianças somam cerca de um terço da população local. Segundo o relatório da visita divulgado pela Procuradoria da República na cidade, o fornecimento de água potável é a necessidade mais emergencial da comunidade, que consome água de rio muitas vezes barrenta.
Ainda de acordo com o documento da procuradoria, o cacique Arnaldo Dias informou ao grupo de autoridades que a aldeia não recebia a visita de agentes de saúde e de policiais e que só em casos de emergência funcionários da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) vão à aldeia.