Preso injustamente por 43 dias e solto na última sexta-feira (9), Reginaldo Aparecido dos Santos, 42, teve que receber cuidados médicos e foi liberado do hospital nesta segunda (12). Ele foi o primeiro suspeito de assassinar Marley Gomes de Almeida, 53, e a neta dela, Ana Carolina Almeida Anacleto, 11, em Jataizinho (Região Metropolitana de Londrina). Elas foram encontradas sem vida no dia 22 de março.
O homem, conhecido na cidade como “Javali”, foi linchado pela população e teve sua casa depredada, sendo preso quatro dias depois dos assassinatos pela PCPR (Polícia Civil do Paraná) e encaminhado para a PEL II (Penitenciária Estadual de Londrina). João Vitor Rodrigues, 24, assumiu a autoria do duplo homicídio na última quarta (7), com a Polícia tratando o caso como latrocínio. Assim, a PCPR protocolou o pedido de revogação da prisão de Reginaldo. Vitor Dutra, delegado da PC de Ibiporã, informou à FOLHA, nesta terça (13), que “não há atualizações” quanto à conclusão do inquérito policial. Posteriormente, o relatório final será enviado ao MP-PR (Ministério Público do Paraná).
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ABALADO EMOCIONALMENTE
Com a soltura e sua inocência atestada, Santos conta com ajuda da Secretaria de Assistência Social de Jataizinho e se mudou, nesta terça (13), para uma nova casa provisoriamente. “Tendo visto que a residência do Reginaldo está sem condições de moradia por toda a situação, foi realizada a avaliação social e concedido o aluguel social no prazo de três meses. Com os auxílios do município e os acompanhamentos necessários, ele terá condições para retomar sua casa e sua rotina”, informou a secretária Anna Lúcia de Azevedo.
Claudinei Oliveira Cabral, advogado de Javali, informou que ele “se encontra muito abalado emocionalmente, não quer sequer chegar próximo de onde ele residia”.
O benefício foi solicitado em caráter de urgência pela Secretaria, podendo ser prorrogado se houver necessidade. “Ele é assistido pela Política de Assistência Social há mais de quatro anos, é beneficiário do programa Bolsa Família, está com processo de requerimento de Benefício de Prestação Continuada protocolado junto ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), e a equipe de Assistência acompanha sempre que é necessário”, elencou a secretária.
GRUPO DE APOIO
Além da ajuda do órgão, moradores de Jataizinho e Londrina se uniram em um grupo de apoio para arrecadar doações. Valéria Marques coordena a ação, sendo responsável por um trabalho de acolhimento de pessoas em situação de vulnerabilidade social, além de recolher mantimentos e móveis, na região de Jataizinho.
A força-tarefa busca camisas e blusas de frio de tamanho M e G para Santos, além de calçados número 40/42 e cobertores. Também pede por alimentos, uma pia, panelas e “de tudo para dentro de uma casa”. Até o momento, o município ofertou cama, sofá, fogão, comida e utensílios, informou o advogado, com voluntários doando os demais pertences.
Os interessados em auxiliar podem entrar em contato com Marques via (43) 99606-6468. Ela está recebendo doações para Reginaldo em sua casa, em Heimtal, zona norte de Londrina, e informou que será criada uma conta bancária ainda nesta semana para prover ajuda financeira. “Conheço o Javali há mais de 30 anos e tinha certeza que ele não teria cometido aquilo."
ESTADO DE SAÚDE
Reginaldo afirmou que teria sofrido agressões físicas de policiais penais. Além disso, ele tem cirrose hepática e disse não ter recebido tratamento médico adequado.
A Sesp-PR (Secretaria de Segurança Pública do Paraná) informou, em nota, que ele foi acompanhado regularmente pela equipe de enfermagem da penitenciária desde sua prisão, e que ele só comunicou sobre a cirrose no dia 30 de abril. “Após a informação, o médico prescreveu a medicação, tendo em vista que o medicamento não é distribuído para o sistema penitenciário, e iniciou a busca pelo local de tratamento do mesmo”, complementou.
Informou ainda que a equipe médica não observou sintomas referentes à doença e que segue tentando encontrar a unidade de tratamento de Reginaldo, “mas o hospital inicialmente indicado não localizou prontuário em seu nome”. Constatou também que o homem não pôde adquirir o remédio de forma independente por não possuir familiares que pudessem ajudar.
Conforme o advogado, Javali apontou que, embora prescrito o medicamento, “não tomou remédio em momento algum durante os 43 dias em que ficou sob a custódia do Estado. Isso causou uma piora significativa na saúde”. Cabral disse que irá buscar ressarcimento do Estado pelos supostos danos físicos e psicológicos.
Quanto à acusação de agressões, a secretaria comunicou que não houve denúncia forma. "Diante das declarações públicas, a Polícia Penal adotará as medidas legais cabíveis e irá representar, junto às autoridades competentes, uma vez que as acusações não condizem com os registros, imagens e documentos institucionais”.
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