O delegado Elói Fernandes de França, que permaneceu durante cinco meses como interventor do Instituto Médico Legal (IML) de Curitiba, disse - durante o discurso de despedida da entidade, nesta segunda-feira - que cometeu um erro logo que assumiu o cargo. Ele teria tirado uma diária fria em Foz do Iguaçu para pagar o conserto do cromatógrafo à gás - um equipamento moderno que é vendido e consertado apenas em São Paulo e que faz em duas horas a análise de substâncias químicas.
O procedimento normal seria pedir a autorização junto ao governo do Estado, mas demoraria cerca de 20 dias. "Era uma emergência e eu ordenei que um funcionário do IML fosse a São Paulo e levasse o equipamento para o conserto", explicou o delegado.
As custas da viagem teriam sido entre R$ 210,00 e R$ 250,00, o que teria feito o interventor pedir uma nota de uma diária no mesmo valor em Foz do Iguaçu. "Não ganhei nada para isto, não desviei recursos. Apenas tinha que cobrir os gastos tidos pelo IML e fiz algo que se fazia lá de forma corriqueira. Não me atentei para a irregularidade seríssima que estava cometendo", desabafou. Ele considerou o ato praticado como irregular, mas não lesivo ao patrimônio público.
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A irregularidade administrativa cometida pelo delegado foi denunciada por ele mesmo, num comunicado feito por escrito ao secretário de Estado de Segurança Pública, José Tavares. As denúncias contra o interventor seriam expostas para a imprensa durante a semana por médicos legistas que pediam a indicação de um diretor para a entidade. Ele teria se antecipado às denúncias, para evitar um desgaste ainda maior. "Fui lixado por este erro cometido e isto me magoou muito", afirmou ele.
O interventor deixou o cargo disparando farpas contra os médicos legistas que teriam furtado documentos e forjado uma série de provas contra chefes de departamentos. "Eles sabotaram os arquivos e levaram documentos que eram da entidade. Outros, encontramos em locais errados. Outros ainda em uma pasta de um médico morto. Não consegui encontrar qualquer prova contra o ex-diretor ou seus funcionários", analisou. Dezenas de procedimentos investigatórios foram encaminhados para a Corregedoria da Polícia Civil.
O delegado geral da Polícia Civil, Leonyl Ribeiro, disse ontem que não tinha conhecimento da diária fria. "Ele (Elói) é uma pessoa séria, sempre se pautou dentro da legalidade e respeito à Polícia Civil. Parece que foi uma questão de formalidade apenas, mas vamos verificar o que de fato ocorreu", salientou Ribeiro.