O Hospital São Lucas, em Sertanópolis (40 km a oeste de Londrina), encerrou nesta terça-feira o contrato de trabalho e afastou definitivamente a médica acusada de ter induzido a morte de um paciente terminal em março.
A decisão foi tomada após uma investigação administrativa. A Associação de Proteção à Maternidade e Infância (APMI) do município - principal mantenedora do hospital - também está revendo a forma de contratação de serviços para tentar minimizar o racha interno que se formou entre os profissionais.
A médica foi denunciada por uma enfermeira que teria presenciado - juntamente com uma auxiliar - a acusada aplicando 40 ml de cloreto de potássio no paciente, um homem de 87 anos. O inquérito administrativo, no entanto, não atribuiu culpa formalmente à cardiologista. ''Como persistiu a dúvida sobre se ela fez ou não (a eutanásia), achamos por bem demiti-la até a Justiça decidir'', afirma o diretor administrativo do São Lucas, José Maria Fontana. Além disso, segundo ele, o clima de trabalho foi muito prejudicado pelo caso. ''Não havia condições de mantê-la aqui dentro'', argumenta.
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A presidente da APMI, Adalgisa Darsin Alsouza, detalha que, como não há provas materiais para confirmar a denúncia e houve algumas contradições nos depoimentos das duas denunciantes, a comissão não julgou-se competente para julgar o caso.
A cardiologista prestava serviços através de um contrato firmado entre o hospital e uma clínica particular, da qual era sócia junto com outros três médicos. A sociedade foi desfeita depois da denúncia. Todos faziam parte do corpo clínico do São Lucas. A recontratação dos outros sócios está sendo analisada pela APMI.
Segundo Adalgisa, a entidade está estudando novas formas de contratação para minimizar os conflitos internos do hospital. ''Há dois grupos de funcionários e médicos, um contra ela outro a favor, temos conciliar isso e fazer todos falarem a mesma língua, não pode haver divisões, temos que ter um corpo único'', comenta. Uma das opções, segundo ela, é mudar o acordo de prestação de serviço ou mesmo optar por admitir outros profissionais.
O relatório final da investigação foi protocolado, juntamente com a denúncia, no Conselho Regional de Medicina (CRM) do Paraná. O órgão não informa o andamento dos processos. O delegado de Sertanópolis, Adriano Admir da Cruz, aguarda deferimento do pedido de prorrogação do inquérito para continuar as investigações.
A médica, através de sua secretária, entrou em contato com a reportagem nesta terça-feira pela manhã e disse que vai se manifestar sobre o caso nos próximos dias. Novamente procurada, durante o período da tarde, ela não retornou as ligações.