Entre 400 e 600 litros de óleo de xisto vazaram da empresa Inecol no início da manhã de ontem, em Campo Largo, Região Metropolitana de Curitiba. O combustível foi parar num córrego afluente do Rio Passaúna, que abastece a Capital. O Instituto Ambiental do Paraná (IAP) constatou a mortandade de peixes, mas assegurou que o Passaúna não foi atingido. O número de animais mortos não foi levantado.
A Inecol Indústria e Comércio de Pedra Britada Ltda. receberá uma multa. O valor será divulgado hoje. O chefe do departamento de fiscalização do IAP, José Luiz Bolicenha, suspeita que a válvula de um tanque, onde o óleo estava, se rompeu. O combustível, semelhante ao óleo diesel, é usado para movimentar as máquinas da empresa que produzem brita e asfalto.
O córrego poluído pelo vazamento passa pela pedreira. A Inecol está dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) do Passaúna. Como a empresa já existia antes da criação da APA, Bolicenha disse que ela obteve autorização para continuar funcionando. A fiscalização do IAP confirmou ter encontrado peixes mortos e indícios de falta de manutenção nas caixas de decantação, responsáveis pela separação do material tóxico na fabricação de asfalto.
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De acordo com Bolicenha, se as caixas não estivessem cheias de resíduos, o óleo não teria como escapar para o córrego. O reservatório do combustível fica ao lado das caixas. Ele tem capacidade para armazenar 15 mil litros. Na hora do vazamento, a empresa informou que haviam apenas 900 litros guardados.
O IAP calcula que vazaram entre 500 a 600 litros de óleo de xisto. O engenheiro civil Gerson Luis Santana, que trabalha na Inecol, estimou que a quantidade lançada no córrego chega a 400 litros. Santana disse que um funcionário se descuidou e causou o vazamento ao abrir uma válvula errada.
"Você tem duas formas de abrir o registro: uma alimenta toda a empresa e a outra é para esvaziar o tanque onde o óleo de xisto está", disse o engenheiro. O acidente foi notado por volta das 6h30 da manhã de ontem. O IAP acusou a Inecol de não ter comunicado o vazamento. "Soubemos que o óleo tinha escapado por uma morador às 9h30 da manhã", disse Bolicenha.
A empresa nega. Santana relatou que o vigia de uma fábrica de papelão, que fica nas proximidades da pedreira, avisou a Secretaria do Meio-Ambiente do Estado, a pedido da Inecol. "O pessoal do IAP é que chegou aqui muito tarde", rebateu. Cerca de 40 homens da empresa trabalharam durante todo o dia para impedir que o óleo alcançasse o Rio Passaúna. Mangueiras e baldes eram usadas para remover o óleo. Nenhum dos operários usava equipamentos de proteção contra o forte cheiro exalado pelo combustível.
Ao longo de um quilômetro do córrego foram colocadas 10 barreiras com um tecido especial para reter o óleo. Segundo Santana, todo o óleo ficou preso na barreira número um, a 400 metros da empresa. A previsão era de que o trabalho de remoção do combustível estaria concluído por volta das 18 horas de ontem. Apesar de o IAP não ter constatado danos ao Passaúna, técnicos da Sanepar recolheram amostras de água para serem analisadas.