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Operações de resgate pouco afetam prostituição infantil e consumo de drogas

Katia Michelle - Folha do Paraná
11 nov 2000 às 12:32

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Dois garotos aparentando no máximo dez anos percorrem, descalços, a Rua Santana, no bairro Jardim Botânico, em Curitiba. Quando escutam as sirenes dos camburões da Polícia Militar começam a correr, mas são cercados pelos quatro veículos. Os meninos brigam, gritam e tentam se soltar, em uma visível cena de desespero. "É o efeito do crack", diz a gerente de programas de apoio da Secretaria Municipal da Criança, Célia Faisano. A situação foi presenciada por pelo menos 30 pessoas - entre policiais militares, agentes da Fundação Nacional de Saúde (FAS), da Vigilância Sanitária e da Secretaria do Urbanismo - que realizaram na madrugada de anteontem, em três bairros considerados "pontos críticos" da cidade, uma operação conjunta de resgate social.

A reportagem da Folha acompanhou a operação, que tinha o objetivo de combater a prostituição infantil e tirar menores em situação de risco das ruas. Apenas na Rua Santana, esquina com a Avenida das Torres, foram abordadas quatro menores. Além dos dois garotos, duas meninas (de 12 e 14 anos) que portavam cachimbos de crack e uma faca. Todos foram encaminhados a abrigos da Prefeitura, mas a reportagem apurou que eles foram liberados ontem pela manhã, menos de 12 horas depois de terem sido levados.

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Os moradores do local afirmam que a presença de menores usando drogas é comum nas redondezas, mas a polícia não aparece com frequência. "Às vezes a gente chama e eles só chegam três horas depois", lamenta a analista de sistemas Tânia Alge, 27, que mora no bairro há quatro anos. Ela conta que a rua é "ponto" de meninas menores, que costumam começar a percorrer o local, a espera dos "clientes", já pela manhã. "E são carros bons que param", indigna-se a moradora.

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A PM e a Secretaria da Criança informam que são realizadas abordagens constantes da cidade. Segundo dados da Prefeitura, no Programa Integrado de Resgate Social, foram abordadas 80 meninas e seis estabelecimentos que favoreciam a prostituição infantil foram fechados desde o início do ano. Célia Faisano admite que existe reincidência, mas não sabe apurar quantas meninas voltam às ruas depois de terem sido encaminhadas aos programas de intregação social.

Nos cinco locais visitados ontem durante a operação, não foram encontradas menores. Dois estabelecimentos foram notificados e um (Apogeu, na Vila Hauer) foi fechado por estar com a licença sanitária vencida. A gerente de programas de apoio da Secretaria Municipal da Criança explica que, caso fossem encontrados menores de 18 anos em algum casa visitada, o proprietário seria preso e os menores levadas aos abrigos e posteriormente encaminhados ao Conselho Tutelar.


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