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Escravas sexuais

Paraná está na rota do tráfico de pessoas

Luciano Augusto - Folha de Londrina
19 ago 2010 às 08:31

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Relatório do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodoc) divulgado no final de junho mostrou que o tráfico de pessoas - especialmente mulheres - para fins de exploração sexual está em franco crescimento e coloca o Brasil como um dos países que mais fornece ''escravas'' sexuais em todo mundo. Números da Secretaria Nacional de Justiça (SNJ) divulgados ontem (18)apontam que cerca de 60 mil brasileiras com idades entre 18 e 25 anos são vítimas do tráfico internacional de pessoas anualmente. Elas têm como destinos mais comuns a Espanha, Portugal e Suíça.

O Paraná é um dos estados brasileiros onde existem rotas estruturadas pelo crime organizado para sustentar este mercado que, segundo estimativas do Unodoc, rende pelo menos 2,5 bilhões de euros (R$ 5,8 bi) por ano. Para tentar fazer frente ao problema e cumprir pelo menos parte das metas definidas no Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, técnicos da SNJ começam hoje a monitorar os seis núcleos e quatro postos avançados de enfrentamento ao tráfico de pessoas, instalados nos principais aeroportos do país. Estas células funcionam nos estados do Acre, Ceará, Pará, Rio de Janeiro , Goiás, Pernambuco, São Paulo e Bahia. No Paraná, este serviço ainda não foi estruturado.

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O levantamento de 2009 sobre esta modalidade criminosa feito pelo Observatório do Tráfico de Seres Humanos (OTSH) em Portugal reforça que as brasileiras são as vítimas mais frequentes em território luso: 33 casos femininos foram considerados suspeitos entre 61 e três confirmados de um total de seis. O trabalho aponta que 40% das mulheres vítimas do tráfico humano em Portugal entre um total de 85 casos seriam brasileiras. E conterrâneos delas atuariam como aliciadores das organizações de exploração sexual.

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Num dos poucos levantamentos realizados no Brasil sobre o tráfico de pessoas, apresentado em 2002 e que se baseou em reportagens publicadas sobre o assunto, foram identificadas 106 rotas de tráfico de pessoas nos níveis intermunicipal (8), interestadual (26) e internacional (72). Apenas na região sul do país foram traçadas 18 rotas, sendo que 50% eram internacionais.


No Paraná, o estudo detectou esquemas de tráfico de crianças e adolescentes de Foz do Iguaçu para Paraguai e Alemanha; de Foz para Cianorte; de Sarandi para o Paraguai; de Londrina e Ponta Grossa para Paranaguá e de outras cidades paranaenses para Teresina (PI). Já as mulheres do Paraná, em sua maioria, seriam levadas do interior para Curitiba e também para, Argentina, Paraguai, Alemanha e Espanha, o principal destino das vítimas das quadrilhas.

À FOLHA, o promotor e presidente da Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp), César Mattar Júnior, aponta que os estados do Norte e Nordeste concentram a grande maioria das rotas de tráficos de pessoas do país, mas observa que o Paraná é um caminho estratégico por dar acesso fácil a outros países, por contar com uma grande área de fronteira e por causa da forte presença do crime organizado. ''A exploração sexual nunca anda sozinha. É um negócio ilícito que está ligado a outras atividades como o comércio de drogas e armas. O Paraná é um entreposto marcante para os países do Mercosul e onde esse mercado está presente de forma mais acentuada acaba sendo uma porta de saída, um atrativo a mais para os aliciadores'', avaliou o promotor que, em maio deste ano, participou de uma mesa redonda sobre tráfico de pessoas dentro do 5º Fórum Internacional de Justiça, em São Paulo.


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