Cerca de 350 mil crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos trabalhavam no Paraná em 2001. Isso representa 14,4% da população total nessa faixa etária, acima da média nacional, que é de 12,7%.
No entanto, mais da metade (52,4%) dos que trabalhavam no Estado não recebiam remuneração pela atividade realizada. Esses dados fazem parte da pesquisa sobre trabalho infantil divulgada nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O número das crianças e adolescentes que trabalham está acima das estimativas da procuradora do Trabalho no Paraná, Margaret Matos. ''A última pesquisa do IBGE apontava para uns 150 mil e então a gente imaginava que atualmente estava o dobro'', afirmou.
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Segundo ela, o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PET), ação conjunta entre União, estados e municípios, atende apenas 39 mil crianças no Paraná. ''Agora temos a certeza que estamos bem aquém das necessidades da população'', afirmou.
O grande número de crianças e adolescentes que trabalham no Paraná está ligado ao número de propriedades rurais. ''No Nordeste e no Sul as porcentagens estão acima da média nacional porque nessas regiões há muita atividade rural'', relatou a técnica do departamento de pesquisa e renda do IBGE, Vanderli Guerra.
Tanto em Santa Catarina como Rio Grande do Sul, por exemplo, 15,6% do total de pessoas entre 5 e 17 anos trabalham.
Para Margaret, as crianças podem realizar atividades domésticas sem serem prejudicadas, tanto em áreas urbanas como rurais. ''Temos que saber se há exploração, jornada excessiva ou se a criança é prejudicada nos seus direitos'', analisou.
No Paraná, entre as crianças e adolescentes que trabalham, apenas 74,9% frequentam a escola. A taxa de escolarização entre os que não trabalham sobe para 89,1%. Considerando todas as crianças e adolescentes do Paraná entre cinco e 17 anos (2,4 milhões), apenas 25,6% ficam mais de quatro horas na escola.
A pesquisa do IBGE mostra também que entre as crianças e adolescentes paranaenses de cinco a 17 anos que recebem remuneração pelo trabalho, 34,2% ganhavam até um salário mínimo.
''As bolsas de auxílio teriam que dar esses valores, respeitando uma média, para tirar as crianças do trabalho, porque esse dinheiro entra no rendimento familiar'', disse Margaret. O PET, por exemplo, paga R$ 40,00 de bolsa nas áreas urbanas e R$ 25 nas rurais.
Os dados divulgados nesta quarta-feira serão utilizados para discutir novas ações sociais, de acordo com Margaret. ''Esses números comprovam que o governo deve dar prioridade à erradicação do trabalho infantil'', declarou.