O PCC, grupo de detentos formado em 1992 em um presídio de Taubaté e que domina a maioria dos presídios de São Paulo, pode ter um braço na Penitenciária Provisória de Curitiba, no bairro do Ahú. A organização teria se fortalecido há um ano e meio, pouco antes da rebelião ocorrida no ano passado. Mas teria ganhado mais força após outubro, com a chegada do detento José Márcio Felício, conhecido como "Geléia" e apontado como um dos principais líderes da rebelião que começou na última quarta-feira na PCE.
A Folha apurou que antes de ser transferido para a PCE, Geléia teria conseguido uma série de privilégios para os 130 associados do PCC. Eles teriam o direito de se reunirem periodicamente em uma sala do presídio, com a autorização da chefia de segurança. Outros dois presos, identificados como "Bira" e Wanderlei Justi são apontados como líderes do movimento no Ahú.
Um agente penitenciário, que preferiu não ser identificado por temer represálias, disse que chegou a acompanhar do lado de fora parte da reunião dos integrantes do PCC. Ele teria tentado denunciar o fato para o inspetor, na época o agente penitenciário Marcelo Leôncio - o primeiro refém a ser liberado na rebelião da Penitenciária Central.
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O agente garantiu que existem armas dentro da penitenciária e diversos estoques. Ele mesmo teria visto um dos internos do PCC com um telefone celular. "Eles têm privilégios dentro da penitenciária para conter as rebeliões. Os líderes controlam tudo. Eles chegam a tomar conta do motel do Ahú no lugar dos agentes", relatou.
Ele contou que numa oportunidade, uma mulher foi visitar um dos internos intimamente. O Geléia teria se interessado por ela. Quinze dias depois, os dois já estavam tendo direito a visitas íntimas. No entanto, o regulamento prevê que uma mulher só pode visitar um detento diferente após seis meses da última visita. Cada preso tem direito a duas horas na visita íntima. Os líderes do PCC teriam o tempo que quisessem.
Outras vantagens concedidas foram elencadas pelo agente. Entre elas, o direito de ligações diárias. Os presos normais teriam direito a uma ligação por mês. "As regras básicas de segurança não são respeitadas. Estamos nos sentindo impotentes", alegou. Os integrantes do PCC também comercializariam drogas (maconha e crack) livremente no pátio da penitenciária. "Eles dominam tudo. Está muito difícil de trabalhar", alertou.
Desde a semana passada, todos os internos estão impedidos de tomar sol ou sair das celas por causa da rebelião da PCE.