Uma operação para apurar uma denúncia de cativeiro ilegal de animais silvestres resultou na apreensão quatro papagaios-de-peito-roxo e três curiós. Eles foram encontrados na casa do policial militar aposentado Ernesto Bianchini. De acordo com a Lei Federal 9.605/98 esses animais não poderiam ser retirados de seu habitat, nem poderiam ser mantidos em cativeiro.
Apesar de contrariar a legislação mantendo os animais em âmbito doméstico, Bianchini deixava os quatro papagaios soltos, ao lado da casa, situada bem na entrada da serra da Graciosa, no Km 52 da BR-116, localidade de Terra Boa, no município de Campina Grande do Sul. Já os curiós eram mantidos presos em gaiolas.
Os animais foram recolhidos e encaminhados ao Passeio Público de Curitiba. O ex-policial foi notificado pela Polícia Florestal e levado até a Delegacia de Campina Grande do Sul para registro da ocorrência. A Lei federal 9.605 prevê, em caso de cativeiro, detenção de 6 meses a 1 ano e multas no valor de R$ 5 mil (para animais em extinção) e de R$ 500,00 (para animais em geral).
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Bianchini não se conformou com a apreensão dos animais. Com documentos na mão, ele argumentava, mostrando que em 1989 chegou a registrar o papagaio-macho e dez curiós junto ao Instituto de Terras, Cartografia e Florestas (ITCF), órgão já extinto. Mas, de acordo com o sargento Julio Cesar Garcia, da Polícia Florestal, os documentos não têm mais validade.
"Essa lei é uma barbaridade. Tem muita gente grande com animal em casa, e não acontece nada. E eles querem tirar os meus, que vivem soltos, praticamente em seu próprio habitat", dizia, lembrando que os animais estão, inclusive, reproduzindo no local. Os papagaios tiveram dois filhotes no ano passado e os curiós, um.
"Esses animais estão em extinção, e mesmo que estejam bem aqui, eles não podem ficar fora de seu ambiente. Mantê-los em casas pode acabar incentivando outras pessoas a também querer ter animais", explicou o biólogo Tiaraju de Mesquita Fialho, técnico do projeto "Conservação do Papagaio-de-Cara-Roxa", da Sociedade de Proteção à Vida Selvagem (SPVS).
A operação faz parte de uma ação integrada de órgãos como o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama), Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente, Polícia Florestal, polícias Rodoviárias Estadual e Federal e a SPVS. O alvo principal da campanha é impedir o tráfico do papagaio-de-cara-roxa, ave em extinção, que não existe em nenhum outro lugar no mundo, a não ser no litoral do Brasil. Estima-se que hoje existam apenas 4,5 mil papagaios-de-cara-roxa.