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Privacidade online: nova vítima do terrorismo?

(IDG News Service)
17 set 2001 às 17:36

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Entre as muitas questões levantadas após os ataques terroristas realizados no dia 11 de setembro nos Estados Unidos, pelo menos uma é voltada diretamente para os profissionais e usuários de Web: será necessário que o governo norte-americano aperte a vigilância e o monitoramento da Internet como uma medida para evitar que a tragédia se repita? Oficiais do governo ainda não revelaram medidas que possam reduzir a liberdade individual online, mas já está claro que precauções contra o terrorismo e novas estratégias de segurança tornaram-se prioridades nacionais. O problema é que hoje em dia fica difícil imaginar medidas desse tipo que não levem em consideração a rede mundial de computadores.
Criptografia
Grupos de defesa da privacidade dos consumidores já estão solicitando que as autoridades pensem a longo prazo e não tomem decisões no calor dos acontecimentos. Um dos principais receios é que o governo norte-americano decida reverter uma lei recentemente aprovada que permite o uso de tecnologias de criptografia mais fortes. O uso de tais tecnologias dificulta que pessoas não autorizadas consigam ter acesso a dados transmitidos online. Tradicionalmente, tecnologias de criptografia são largamente empregadas em transações de comércio eletrônico para garantir a proteção de dados dos clientes, como o número de cartão de crédito. No entanto, à medida que se tornam cada vez mais poderosas e mais disseminadas, essas mesmas tecnologias podem ser usadas por terroristas para trocar informações em sigilo.
"O debate sobre criptografia deve se intensificar de novo", disse Richard Smith, diretor de tecnologia da Privacy Foundation, entidade que protege a privacidade dos consumidores. Smith alerta para o fato de que algumas propostas bem-intencionadas podem tentar refrear o uso de criptografia mais forte, além de aumentar a vigilância do governo sobre as comunicações digitais.
"Imediatamente depois da bomba de Oklahoma City surgiram pedidos para restringir o uso de tecnologias de criptografia", lembra Cindy Cohn, diretora de assuntos jurídicos da Electronic Frontier Foundation. Cindy afirma que isso ocorreu mesmo sem que tecnologias de criprografia tivessem sido empregadas no incidente. "Os mais rigorosos controles sobre criptografia não teriam apresentado nenhum impacto sobre aquele ataque", diz.
Além disso, como resultado direto do atentado de 1993 ao World Trade Center, a administração Clinton propôs um modelo que permitiria às pessoas "trancar" dados com tecnologia de criptografia, mas o governo teria a chave para abrir qualquer mensagem nos casos em que julgasse apropriado. "Freqüentemente há uma dificuldade em lidar com os elementos adversos entre a sociedade usando criptografia para melhorar suas atividades e pessoas usando as mesma tecnologias para proteger interesses individuais", afirma Kon Leong, presidente da ZipLip.com, uma empresa que oferece serviços de criptografia de e-mail para usuários finais e empresas.
Monitoramento online
Quase imediatamente após os ataques que destruíram o World Trade Center e parte do Pentágono, foi questionado como o serviço de inteligência dos Estados Unidos pôde ser tão espetacularmente driblado mesmo usando sofisticadas ferramentas de vigilância. Teoricamente, uma dessas ferramentas seria o Echelon, um sistema para monitorar comunicações globais cuja existência o governo norte-americano nunca reconheceu oficialmente. A outra seria o software que ficou conhecido como "Carnivore", atualmente chamado de "DCS1000" – esta sim uma ferramenta sabidamente usada pelo FBI para monitorar e-mails e que já causou protestos de grupos de defesa da privacidade online.
"O Echelon é focado em áreas que estão bem longe da questão de segurança nacional", diz Wayne Madsen, um ex-membro de equipes de tecnologia e segurança de comunicação de diversas agências do governo dos Estados Unidos que afirma que o sistema de vigilância de comunicações existe mesmo. Madsen diz que o Echelon concentra-se em investigações sobre o tráfico de drogas e monitoramento da ação de grupos sem fins lucrativos e de possíveis oponentes de negócios norte-americanos.
Madsen acredita que o uso de tecnologias de vigilância de comunicações eletrônicas será reavaliado depois dos últimos ataques. Uma das possibilidades seria redirecionar o Echelon para vigiar atividades terroristas.
Mas no momento é difícil dizer com precisão até mesmo se o Carnivore está sendo usado, e em que extensão. Diversos provedores de acesso e empresas de Internet norte-americanos que foram procurados para esta reportagem, incluindo a WorldCom e o Yahoo, não retornaram pedidos para falar sobre o assunto. A Verizon Communications disse que não faz comentários sobre esse tema, enquanto a Microsoft e a EarthLink confirmaram que estão cooperando com o governo dos Estados Unidos, mas também disseram que não podem dar detalhes sobre o assunto.
A America Online declarou oficialmente que não está utilizando o Carnivore. "Há muito tempo dizemos que não usaríamos nem poderíamos concordar com o Carnivore", disse Nicholas Graham, porta-voz da empresa. No entanto, Graham confirma que a AOL foi procurada pelo FBI, embora não possa detalhar o assunto.
De qualquer forma, Madsen duvida que alguma tecnologia de monitoramento teria sido eficaz na prevenção aos ataques em Nova York e Washington. "Os terroristas não apostaram em meio de alta nem de baixa tecnologia. Eles provavelmente não usaram tecnologia alguma", diz. Mesmo assim, Madsen acredita que o uso do Echelon, do Carnivore e de todas as formas de vigiar as comunicações devem se intensificar. O uso dessas ferramentas deve levantar questões de privacidade dos cidadãos e problemas jurídicos, ele diz, "mas se o Echelon for direcionado para um real alvo de segurança nacional, será que alguém vai dizer que tem direitos de privacidade?", questiona.
O FBI recusou-se a comentar sobre a possibilidade ou a necessidade de aumentar a vigilância sobre as comunicações.
Liberdade x segurança
Os grupos defesa da privacidade dos cidadão planejam monitorar de perto qualquer ameaça à liberdade. "Acredito que é um erro assumir que a atitude do governo seria impor controle na Internet", diz Marc Rotenberg, diretor executivo do Electronic Privacy Information Center.
A União das Liberdades Civis da América emitiu um comunicado na qual apóia o comportamento do governo até o momento. "Aplaudimos as palavras de nossos líderes nacionais que, em reação a essa tragédia sem paralelo, comprometeram-se a preservar a sociedade livre e aberta que fez esta grande nação", afirma o diretor executivo da entidade, Anthony Romero, no comunicado. "Saudamos, em particular, as palavras eloqüentes do presidente Bush ao dizer à nação (...) ‘A América foi alvo do ataque por ser o mais brilhante recanto para a liberdade e a oportunidade no mundo. E ninguém vai impedir essa luz de brilhar’".
O potencial de erosão da privacidade é uma preocupação claramente expressa também entre muitos internautas. As pessoas que escrevem Weblogs, ou "blogs" – um tipo de jornal pessoal online e interativo -, estão debatendo se medidas que pretendem garantir a segurança podem na prática virar uma ameaça à liberdade individual. A principal questão levantada é saber se a segurança é mais importante do que a liberdade – esta última um conceito que há tempos a sociedade americana colocou no topo de sua cadeia de valores. Mas e se o preço para ter segurança for sacrificar a liberdade, será que vale a pena pagar?
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