Athayde de Oliveira Neto, 23 anos, organizador do show de rock ''Unidos pela Paz'', poderá responder a processo por homicídio duplamente qualificado dos três adolescentes que morreram pisoteados num tumulto na entrada do evento realizado no dia 31 de maio.
A denúncia contra o promotor de eventos foi protocolada na tarde desta quarta-feira na Central de Inquéritos, pela Promotoria de Investigações Criminais (PIC) e Promotoria do Tribunal do Júri da Capital, vinculadas ao Ministério Público (MP) estadual. Caso a Justiça acate a denúncia, inicia-se o processo criminal.
Os promotores defendem a dupla qualificação dos homicídios porque os jovens morreram por asfixia e porque as mortes tiveram motivo torpe. Também pesam sobre Athayde Neto acusações de dolo eventual, lesão corporal grave - dezenas de pessoas ficaram feridas -, falsidade ideológica e estelionato.
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No dolo eventual, a pessoa não deseja a morte ou ferimento de pessoas, mas esses resultados são previsíveis e nada é feito pela pessoa causadora do risco, mesmo sendo possível agir para se evitar o resultado. Athayde Neto, segundo a denúncia, teria usado nome de uma empresa que não existe - ALM Eventos - e vendido quantidade de ingressos quase duas vezes superior à capacidade do local.
Segundo a PIC, foram vendidos 28 mil convites e o local só comportaria cerca de 15 mil pessoas. Milhares de pessoas não puderam entrar no espetáculo por causa da superlotação, obtendo Athayde Neto vantagem financeira ilícita, em cifras superiores a R$ 15 mil, com prejuízo para os que não conseguiram entrar no show.
O pai do promotor do show, Athayde de Oliveira Júnior, também foi denunciado pela PIC por falsidade ideológica. Foi ele quem assinou o pedido de alvará para a permanência de menores no show junto à Vara da Infância e da Juventude, alegando que a ALM Eventos seria o nome fantasia da empresa de sua propriedade - o Restaurante Dançante Macallan Ltda. No entanto, não há qualquer registro oficial de empresa que use o nome fantasia ALM Eventos.
Para os promotores que assinaram a denúncia, Athayde Neto era responsável por garantir a integridade física e a vida de todas as pessoas que estavam no show e, diante de várias omissões dele na organização do evento, assumiu o risco de pessoas morrerem ou sofrerem lesões. Segundo a denúncia, o organizador não providenciou segurança, atendimento médico e não abriu o portão em tempo hábil para que as pessoas pudessem se acomodar antes da apresentação.
Morreram no tumulto na entrada do show os adolescentes Jonathan Raul dos Santos, 15 anos, Larissa Seletti, 15 anos, e Mariá de Andrade Souza, 14 anos. As famílias devem entrar com ação conjunta pedindo indenização. O show ''Unidos pela Paz'', realizado no Jockey Club do Paraná, reuniu as bandas Charlie Brown Jr., Raimundos, Natiruts e Tihuana. A Prefeitura de Curitiba não liberou alvará porque o organizador não apresentou o laudo do Corpo de Bombeiros atestando as condições de segurança do local.