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Protesto na Ponte da Amizade continua

Redação e Emerson Dias - Folha do Paraná
20 set 2001 às 12:10

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Cerca de 8 mil pessoas fecharam ontem, por mais de sete horas, a Ponte da Amizade em Foz do Iguaçu
- Fabrício Azambuja - Folha do Paraná
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O desemprego no Paraguai afeta também os brasileiros. Na última semana, a população paraguaia fechou a fronteira entre o Brasil e o Paraguai, na Ponte da Amizade, para reivindicar maior oferta de emprego. Houve confronto com a polícia e depois de uma negociação o governo entrou em acordo com os manifestantes. Ficou acertado que o número de estrangeiros no comércio iria baixar.
Desde a segunda-feira, a fiscalização realiza uma operação 'pente fino' nas ruas de Ciudad del Este para tirar os estrangeiros ilegais do comércio. Vários brasileiros - que são maioria na categoria - foram expulsos do país. Isso gerou revolta e, desta vez, foram os brasileiros que fecharam a Ponte da Amizade em protesto.
Nesta quarta-feira, houve confronto com a polícia e seis pessoas foram presas e pelo menos 10 ficaram feridas sem gravidade. O protesto, que reuniu cerca de 8 mil manifestantes, começou às 6h30. Dezenas de pneus foram queimados, formando uma barreira de chamas na BR-277, rodovia que dá acesso à ponte que liga Foz do Iguaçu a Ciudad del Este no Paraguai. O bloqueio, que já contava com a participação de sacoleiros e mototaxistas, ganhou força quando chegaram ao local oito mulheres "expulsas" da loja paraguaia onde trabalhavam. Segundo a promotora de vendas, Marta Tomello, os fiscais do Ministério do Trabalho exigiram documentos paraguaios para que não fossem presas. "Fomos escoltadas até a ponte e informadas que, caso eles nos encontrassem novamente, seríamos presas por permanência ilegal no país", criticou a brasileira, lembrando que outras cinco pessoas também foram retiradas de lojas paraguaias.
Por volta das 8h30, a Polícia Federal liberou pedestres para atravessar a fronteira, entre eles um grupo de 90 estudantes chilenos que embarcariam para Santiago no Aeroporto Internacional de Ciudad del Este. Minutos depois, os manifestantes voltaram a bloquear totalmente a fronteira, avançando o cordão humano até a guarita da PF (que fica na cabeceira da ponte). O primeiro conflito começou às 9h45, quando um policial foi ferido por uma pedrada. Os cerca de 110 agentes da PF revidaram com bombas de gás lacrimogêneo, balas de borracha e golpes de cacetete. Uma pessoa foi presa e cinco ficaram feridas. A população rebelada recuou cerca de 100 metros, mas manteve a barreira sobre a BR. Uma negociação entre o comando de greve e o delegado da PF e comandante da operação, Cesar Luiz Busto de Souza, resultou na liberação da pista das 14 horas às 16 horas.
Passado o período do acordo, houve nova tentativa de interdição da via, mas os agentes da PF, juntamente com patrulheiros da Polícia Rodoviária Federal e soldados do Grupo de Operações Especiais (GOE), impediram o agrupamento dos manifestantes. Outro conflito começou depois que o cinegrafista da TV Bandeirantes, Kleber Roberto de Carvalho, foi atingido na cabeça com uma pedra. Tiroteio e outras explosões de bombas de efeito moral foram ouvidas. Além de atender três pessoas feridas por "projéteis de borracha", equipe do Siate também apagou o fogo de uma barraca de lanches. Disperçada a multidão, a pista finalmente foi liberada aos veículos e pedestres às 16h30. Cerca de 80% das lojas que atendem sacoleiros deixaram de funcionar durante os confrontos. O mesmo ocorreu na Vila Portes e Jardim Jupira, bairros próximos à Ponte da Amizade, onde parte das 400 lojas manteve as portas fechadas. A Ponte da Amizade, via com 552,4 metros de extensão, está passando por reformas e tem a segurança reforçada desde a manhã desta quinta-feira.
Representantes do governo paraguaio e paranaense reúnem-se na tarde desta quinta-feira para discutir a situação. O Paraguai quer que o governo federal brasileiro intervenha e aumente o valor compra na Ponte de Amizade, atualmente de U$ 150, para U$ 220.
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